Pasmem! Racionamento no berço das águas

Nenhum de nós deixou sua terra natal e veio viver em Brasília acreditando que pudesse ocorrer, o que está prestes a acontecer, já e agora: viver sob o racionamento de água anunciado nesta quinta-feira pelo governador Rodrigo Rollemberg



✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Os brasilienses pioneiros e os que aqui nasceram e conhecem a história da origem de Brasília estão perplexos. Angustiados.

Nenhum de nós deixou sua terra natal e veio viver em Brasília acreditando que pudesse ocorrer, o que está prestes a acontecer, já e agora,: viver sob o racionamento de água anunciado nesta quinta-feira pelo governador Rodrigo Rollemberg.

Absurdo dos absurdos onde chegamos. Em 57 anos conseguimos comprometer seriamente uma das maiores riquezas do Planalto Central e, por que não afirmar, do Brasil: nascentes de suas maiores bacias hidrográficas.

continua após o anúncio

Aqui nascem rios que correm para o norte e o sul formando parte da Bacia Amazônica e da Bacia Platina.

O que viu lá do céu a comitiva da primeira viagem de Juscelino Kubitschek ao Planalto Central ao olharem o Cerrado foram centenas de nascentes afloradas, minúsculas lagoas brilhando a luz do sol.

continua após o anúncio

Além de segurança estratégica, a existência de abundância de água aqui sempre foi, desde o Império, razão para fundamentar a transferência da capital para o Planalto Central.

E o que nos resta hoje das belezas anotadas por botânicos e geógrafos de então?

continua após o anúncio

Ao chegarmos hoje à capital vemos muito mais asfalto, muito mais prédios e muito mais altos, que definitivamente não cabiam no sonho de Niemayer e Lúcio Costa.

Enxergamos milhares de quadradinhos azuis, piscinas de centenas de condomínios espalhados criminosamente pela grilagem de terras públicas ou privadas nas colinas dos arredores de Brasília.

continua após o anúncio

Construídos desordenadamente sobre áreas de preservação ambiental e nascentes, grande parte de seus moradores praticam sem serem incomodados pela fiscalização a cultura irresponsável dos poços artesianos.

Esse morador de Brasília, que fugiu para os condomínios como alternativa de moradia diante dos preços extorsivos das grandes construtoras no Plano Piloto e proximidades, sequer imagina que a falta d'agua, aquele conversa chata de ambientalista exagerado, é um futuro que já chegou.

continua após o anúncio

Não percebem que furar o terceiro poço artesiano mais fundo, quando o primeiro e o segundo já secaram para lavar calçadas carros e aguar gramados gratuitamente é cavar o buraco de seus próprios filhos.

Imaginem, se de 1960 para cá, a Estação Ambiental de Águas Emendadas, que é uma área protegida, perdeu cerca de 60% de suas nascentes, o que aconteceu com o resto do DF, onde por muito tempo vigorou a praxe vergonhosa da distribuição de lotes.

continua após o anúncio

Governos se elegeram trocando votos pelo inchaço do DF. E a população sofre com menos segurança, menos saúde, e com agora com o racionamento de água.

Quando o lençol freático de uma região baixa como um todo não apenas as nascentes deixam de brotar na terra e desaparecem como danos muito maiores podem ocorrer.

continua após o anúncio

Pasmem, mas é isso mesmo: aquelas camadas de terra existentes acima do lençol, freático - que varia de profundidade conforme a região, 4, 5, 6 metros - é sustentada pelo montante de água existente no lençol e se ele abaixa muito, o nível do solo também caí, comprometendo as estruturas das casas ali construídas.

No lugar de cobrar de uma hora pra outra da população a conta, 40% a mais – o que atinge a todos e mais ainda aqueles cidadãos que honestamente não tem poços artesianos em casa – o GDF deveria fazer uma campanha educativa sobre a importância da economia de água para o futuro de Brasília.

Como deputado distrital faço aqui um compromisso público de iniciar na Câmara Legislativa, um sério debate sobre a mudança e o aperfeiçoamento da legislação de uso de águas no DF, para um melhor uso, maior fiscalização e a previsão de um planejamento do uso dos recursos existentes para as próximas décadas.

É urgente. É grave. É vida. Se nada fizermos, a conta não virá da Caesb, já bastante salgada, mas da mãe natureza. Esta não perdoa.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247