Partido torto e casuístico
A cultura política e partidária brasileira padece de um grave defeito. Independentemente de suas solenes proclamações socialistas ou republicanas, lhe falta princípios sólidos que possam lastrear uma sadia política de alianças, num país onde inexiste um típico "governo de coalizão", mas sim de "cooptação"
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A cultura política e partidária brasileira padece de um grave defeito. Independentemente de suas solenes proclamações socialistas ou republicanas, lhe falta princípios sólidos que possam lastrear uma sadia política de alianças, num país onde inexiste um típico "governo de coalizão", mas sim de "cooptação" pelos executivos municipais, estaduais e federal.
Poderia objetar alguém que não se faz política com os princípios, sim com alianças entre partidos do mesmo campo, mais ainda num país federativo e multipartidário, com uma legislação restritiva a coligações entre as legendas. É certo.
Mas isto não justifica praticas adesivas, casuísticas ou meramente fisiológicas. Vejamos as razoes aduzidas pelo comitê municipal do PT para se opor ao apoio do diretório nacional do partido à pré-candidatura da deputada Marilia Arraes.
Primeiro vem a história do sobrenome. Não se pode , diz o diretório, apoiar a candidatura de u membro do partido só pelo ilustre e famoso sobrenome. Isto não seria garantia da capacidade administrativa ou política do pretenso candidato. Muito bem. Mas por acaso sobrenome Campos de um imberbe candidato seria mais aceitável do que o de Marilia Arraes? - O que tem um que outro não tem, a não ser a linhagem matrilinear de Renata Campos, por acaso a viúva do finado Eduardo Campos?
Segundo, alegam os adversários de Marília Arraes que o diretório nacional do PT quebrou o pacto de apoiar em Pernambuco a aliança do PT com o partido da oligarquia local (PSB).
Mas quantas vezes o mesmo grupo subpartidário não invocou a interferência do diretório nacional para atropelar a democracia interna de uma seção estadual do partido, com graves consequências internas e externas?
Terceiro, a indicação de uma candidatura própria quebraria a aliança política com a situação dominante colocando em risco a hegemonia interna de um pequeno grupo que monopoliza mandatos e cargos dentro dessa aliança. Ai a coisa é mais séria, pois implica numa política pequena de submeter objetivos táticos e estratégicos do partido a meros interesses individuais ou de facção. Significa enterrar a possibilidade de mudar a política estadual, derrotando um governo familiar e oligárquico em prol de uma gestão participativa, democrática e republicana.
Fica a pergunta: o partido (dito) dos trabalhadores tem dono, chefe ou proprietário?
A quem pertence a legenda e suas decisões importantes: a um punhado de gatos pingados que se arrogam a decidir o que é melhor para o partido ou ao conjunto da militância petista que quer o melhor para o Recife?
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