Para voltar a crescer

Não dá para combater a pobreza extrema sem acelerar o crescimento da economia. A agenda para o próximo governo é desafiadora, mas é factível



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Quem quer que seja o próximo presidente da República terá que começar a preparar o caminho para a economia brasileira voltar a crescer de modo acelerado. Essa é a condição capaz de melhorar a condição de vida de 16 milhões de pessoas que ainda vivem em situação de pobreza extrema.

Entre 2004 e 2010 o PIB nacional avançou em média 4,5%, permitindo a ascensão econômica de milhões de brasileiros que viviam em situação precária. A partir de 2011 o quadro mudou severamente. Entre aquele ano e 2013 a média de expansão ficou na casa de 2% ao ano. Em 2014 deve ser de apenas 0,3% e no próximo ano não deve ser muito diferente de 1%.

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O crescimento econômico envolve aspectos relevantes no curto, médio e longo prazos. No curto prazo é imprescindível criar um ambiente de confiança que ajude a alavancar os investimentos privados. Projetos estão sendo postergados pelas empresas no Brasil por conta da frágil política econômica praticada atualmente e pelo excessivo e desastrado intervencionismo que tomou conta do país de 2010 para cá. A incerteza faz o empreendedor se retrair na hora de aplicar recursos na expansão e modernização de seus negócios, deixando, assim, de gerar renda e novos postos de trabalho.

Além de criar um ambiente mais seguro no curto prazo, o novo governo terá que avançar em relação às condições de médio e longo prazos para viabilizar crescimento mais robusto do PIB. É preciso elevar a produtividade da economia através de investimentos na qualificação de trabalhadores, na criação de um ambiente mais favorável à inovação e na expansão e manutenção da infraestrutura (energia, transporte e telecomunicação).

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Em termos de elevação da qualificação da mão de obra brasileira a questão envolve dois aspectos de vital importância. O primeiro se refere à necessidade de integração dos ensinos médio e superior ao aprendizado técnico. Há falta de sintonia entre o que é ensinado nas salas de aula e o que as empresas necessitam em seu processo produtivo. Outro ponto nessa área é o baixo nível de educação de parte expressiva de trabalhadores. Segundo o Instituto Paulo Montenegro, 38% das pessoas com nível universitário e 65% das que têm nível médio são analfabetos funcionais.

Em relação à inovação, o problema reside na falta de integração entre as instituições de ensino, as empresas e o governo. Além disso, há severos entraves burocráticos nas iniciativas de investimento em pesquisa e desenvolvimento no país. Instituir um ambiente sistêmico e pautado pela simplificação dos processos são diretrizes fundamentais para dinamizar essa área determinante para a eficiência da produção nacional.

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No tocante à expansão dos investimentos em infraestrutura, a questão envolve aspectos como a necessidade de elevação da poupança pública, o que demanda reformas impopulares em áreas da seguridade social, e a criação de um ambiente que facilite parcerias entre o governo e as empresas. O setor privado tem capacidade gerencial e financeira para manter e expandir, por exemplo, as matrizes de energia e de transporte através de concessões e de Parcerias Público-Privada (PPPs).

Não dá para combater a pobreza extrema sem acelerar o crescimento da economia. A agenda para o próximo governo é desafiadora, mas é factível.

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