Para que não durma a nossa razão

É imperioso que se tome consciência da necessidade de combater as verdadeiras ameaças de guerra e soerguer instituições internacionais que não sucumbam às estratégias intervencionistas dos Estados Unidos



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Na semana passada, o jornal Minju Joson, da República Popular Democrática da Coreia, rememorou o 58º aniversário da introdução das armas nucleares na Coreia do Sul por parte dos Estados Unidos.

O distante episódio tem tudo a ver com o que ocorre ainda hoje na sempre tensa e conflitiva Península. Para além de ser uma violação do Acordo de Armistício, com a finalidade de tentar recuperar-se da derrota sofrida na Guerra da Coreia (1950-1953), e dar impulso a sua política agressiva visando a ocupar militarmente a Península Coreana, os Estados Unidos, em plena guerra fria contra a União Soviética, davam início a uma política que transformou aquele pedaço da Ásia num dos maiores focos de ameaça de guerra nuclear no mundo, até os nossos dias.

Desde então, o território da Coreia do Sul transformou-se numa forte base militar e de armas nucleares dos EUA na Ásia, ameaçando não apenas a RPDC, como também a Rússia e a China, levando a insegurança não só à Ásia, mas comprometendo mesmo a paz mundial.

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Nesse quadro, não seria razoável que a justa demanda pela retomada da conferência de seis partes pela desnuclearização da Península Coreana (República Popular Democrática da Coreia, Coreia do Sul, Estados Unidos, Japão, China e Rússia) viesse acompanhada de uma exigência mais clara de que os Estados Unidos renunciem a sua presença nuclear na região?

Também no Oriente Médio são visíveis os sinais de que os fautores de guerra – os EUA, Israel, a Arábia Saudita e a Turquia – pretendem fazer adormecer a consciência dos povos. Na Síria, país que há cinco anos é alvo de uma brutal intervenção de forças terroristas instigadas, financiadas e armadas pelas potências imperialistas, também é visível a tentativa de esconder as verdadeiras ameaças e os reais fatores de instabilidade, com a tese de que a causa dos males que afligem o país e a região é o "regime de Bachar al-Assad". Entretanto, a edição semanal internacional do jornal estadunidense "The New York Times", publicada no Brasil como suplemento da "Folha de São Paulo", assinala na edição do último sábado (30) que a "parceria secreta entre sauditas e EUA armou rebeldes sírios". E na última sexta-feira (29), o Monsenhor Jean-Clément Jeanbart, arcebispo de Alepo, que apesar das sérias restrições que faz ao governo do país e ao presidente, declarou, durante visita a Paris, depois de criticar duramente a política da França relativamente à Síria: "o governo de Assad constitui uma proteção para a população síria". O clérigo ressaltou ainda que esse mesmo governo permitiu a existência "de um Estado laico, um Estado pluralista, um Estado onde se pode ter uma cidadania igual para todos".

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Na mesa organizada pelo Partido Comunista do Brasil sobre conjuntura internacional no Fórum Social Mundial temático realizado em Porto Alegre de 19 a 23 de janeiro, alertamos para o "sono da razão", em que a propaganda das potências imperialistas pretende embair a humanidade, que inevitavelmente fará despertar monstros.

Os meios de propaganda do imperialismo não só fabricam mentiras como induzem à formação de uma opinião pública favorável à guerra. O método é o de camuflar a estratégia belicista, simultaneamente ao desenho de um cenário em que demonizam estadistas e países para adormecer a razão da humanidade com falsos contos.

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Todas as guerras imperialistas do período pós-guerra fria têm sido assim: na antiga Iugoslávia, no Afeganistão, no Iraque, na Líbia, na Síria, no apoio ao terrorismo de Estado dos sionistas contra o povo palestino e o Líbano. Com base na mesma técnica, os Estados Unidos e seus aliados da União Europeia apoiaram o golpe de Estado fascista na Ucrânia e participam da preparação de uma intervenção na Venezuela.

A ação das grandes potências baseada na máquina de guerra afeta diretamente o sistema multilateral e o direito internacional surgido após a Segunda Guerra Mundial, que se degradam a olhos vistos. Num mundo em transição, em que são cada vez mais evidentes os traços de declínio do imperialismo estadunidense e a emergência de novas forças no cenário geopolítico, é imperioso que se tome consciência da necessidade de combater as verdadeiras ameaças de guerra e soerguer instituições internacionais que não sucumbam às estratégias intervencionistas dos Estados Unidos.

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Paralelamente a isso, considero que é um indeclinável dever dos que lutam pela paz, a justiça e o progresso social, contribuir para o esclarecimento, combatendo a propaganda enganosa dos que promovem a guerra. Igualmente, é indispensável promover a união das forças políticas capazes de organizar movimentos progressistas em escalas nacional e internacional.

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