Para onde caminha o Brasil?

Não podemos permitir que Marinhos e Frias definam os destinos do país



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Quem acreditou por um segundo que a declaração de João Roberto Marinho, há mais de um mês, afirmando que Dilma deveria ficar até o fim de seu mandato, era sincera?

A intenção dele e seus interlocutores era desmobilizar a esquerda, fazer acreditar que por um momento a elite brasileira iria parar de brigar pelo poder, inclusive entre eles mesmos, e se preocupar com o Brasil.

O asqueroso editorial da Folha de São Paulo neste domingo, intitulado Última Chance, retrato do pensamento das indústrias e das finanças paulista, escancara o que a direita quer: ou Dilma opta por destruir os avanços e os direitos sociais conquistados e garantidos nos governos petistas ou não haverá outra chance.

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Eles não estavam preocupados com a proporção do problema do país como pareceu ser. Estavam preocupados com o que a crise pode gerar de problemas mas somente para os que afetam suas empresas e seus negócios.

Desta vez, não mais os Marinho mas os Frias querem convencer ao país que estão dando o norte num momento de crise. Quanta hipocrisia. Todos sabem que não há tempo suficiente para que as propostas feitas pela Folha sejam implementadas. Muito antes disso pretendem dar o bote final. Estão jogando para a plateia.

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O que a Folha sugere é que Dilma pise na Constituição e renuncie em favor do programa derrotado nas eleições de 2014. O que eles querem é que Dilma traia seus eleitores, se afaste do PT e que ao final, sem nenhuma base de apoio, se assim agir, seja descartada quando acharem mais conveniente, e sem nenhuma resistência dos brasileiros.

Não cabe nem aos Marinho, nem aos Frias, nem à mídia familiar brasileira decidir o programa de governo Dilma. Se falassem realmente em nome de um diálogo responsável - não aquele pregado recentemente por pinóquios no Congresso e ecoado em esferas do empresariado - poderiam até ser levados a sério, mas como vem sendo orquestrada a coisa, está tudo muito claro: nesta, como em qualquer guerra, só se fazem acordos, quando se acredita não ter forças suficientes para esmagar o inimigo.

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É exatamente isso que acreditam ter juntos, o grande capital, a "grande" mídia e as oposições (parte do PMDB, PSDB, DEM e outros partidos menores de direita e centro-direita): força para esmagar o inimigo em comum : o PT, Dilma e Lula.

Neste sentido - o do massacre - todo o roteiro já está traçado. Se não vier em tempo hábil via TCU ou TSE ocorrerá mesmo por iniciativa do Congresso. Reuniões para acertos ocorrem a todo momento dentro e fora do Congresso.

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Cunha já até sugeriu a Hélio Bicudo, autor de um dos processos de impeachment contra Dilma, que altere alguns detalhes de seu requerimento, para se adequar às normas da Casa. Inacreditável tamanha promiscuidade.

O xeque mate está sendo preparado mas não vamos aceitar inertes. Vamos desmascarar a todo dia e a toda hora a campanha vergonhosa para enlamear o PT e incriminar Dilma e Lula, sem nenhuma prova concreta até o momento.

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Até o final de agosto um levantamento da Lava Jato mostrava que dos 27 já condenados, nenhum é do PT; dos cerca de 65 julgados, apenas dois são do PT; dos mais de 43 políticos sendo investigados, somente 6 são do PT; ou seja, dos 135 envolvidos, 8 são do PT e os demais 127 são de outros partidos.

A conclusão é clara: temos que trazer a verdade à tona. Os demais envolvidos na Lava Jato e em outras tantas denúncias de corrupção (como os Lista de Furnas, envolvendo Aécio Neves e os tucanos) não saem nas primeiras páginas dos jornais porque defendem e sempre defenderão o interesse dos mesmos grupos poderosos que querem derrubar Dilma.

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A saída de Dilma não é compor com os chamados aliados ou a oposição. A saída para o Brasil e única maneira de defender a democracia é mudar a política econômica, é honrar o voto que 54 milhões de brasileiros nela depositaram.

Quando a Folha pede que "a contenção de despesas deve se concentrar em benefícios perdulários da Previdência" , Dilma deve responder com medidas de combate efetivo à gigantesca sonegação de impostos deste país. Para isso não necessita de apoio do Congresso.

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Apesar de terem chances de aprovação no atual Congresso, Dilma não deve se render à pauta da direita: aprovação da legalidade da terceirização de atividades-fim pelas empresas; cortes drásticos em programas sociais como Bolsa Família; nos orçamentos da Educação e Saúde; e principalmente ao fim do regime de partilha e da política de conteúdo nacional da Petrobras. Essas são conquistas inalienáveis, não podem e não vão ser jogadas no lixo.

O pacote de medidas propostas na segunda, 14/9, aponta o esforço do governo na busca de uma saída para a crise orçamentária e econômica.

Agora veremos se o Congresso vai demonstrar preocupação com o país ou apenas com o próprio umbigo e engajados no roteiro do golpe imediato ou a longo prazo, trabalhando sempre para agravar a crise.

Como uma das saídas imediatas da crise Dilma deveria propor também ao Parlamento a taxação das grandes fortunas, daquelas cerca de cinco mil famílias que detêm 42% do patrimônio brasileiro e 40% do fluxo de renda?

Não tem base para isso? Não passa? Que tal uma campanha nacional via rede de tevê conclamando o povo a pressionar o Congresso para que a medida seja aprovada?

Saídas existem. O que não podemos é compactuar com o golpe ficando calados. Não podemos fingir não perceber a existência de uma estratégia global de desestabilização dos processos transformadores de esquerda em toda a América Latina.

O imperialismo prega os valores democráticos mas na prática para continuar mantendo sua supremacia no mundo tenta atropelar os princípios democráticos e se contrapor a projetos de inclusão social em andamento em países como Brasil, Venezuela, Equador, Chile, Argentina.

A formatação tem sido sempre a mesma. Nas manifestações de rua e ou de políticos de oposição não existem reivindicações específicas de melhorias ou de reformas, mas sim a retirada do poder dos governantes eleitos democraticamente.

Não existe, no entanto, fundamentação legal consistente em nenhum dos muitos processos de impeachment montados até agora. As razões são eminentemente políticas. Uma vez instalados no poder, peemedebistas ou tucanos seriam levados a agir devido aos reflexos da crise econômica mundial no país exatamente da mesma forma que Dilma esta fazendo: tomar medidas até certo ponto impopulares como cortar gastos e aumentar impostos.

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