Para muito além da luta

"2022 será um ano decisivo. Ou Bolsonaro é derrotado ou o Brasil deixará de existir. Estamos em um estado de emergência que vai muito além da luta", escreve o colunista Carlos D'Incao. "Temos que combater o fascismo até a última gota de suor e até a última gota de sangue"

"FORA BOLSONARO" no Vale do Anhangabaú em São Paulo.
"FORA BOLSONARO" no Vale do Anhangabaú em São Paulo. (Foto: @Brasil_de_Fato)


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Muitos acreditam que Bolsonaro está morto ou será facilmente derrotado por Lula. Isso sem grande esforço, quase como que um doce passeio no parque… sem qualquer luta.

Pois digo aos leitores de que Bolsonaro poderá ser derrotado, mas que essa derrota não incluirá apenas luta. Deverá ter enormes sacrifícios, o retorno da militância raiz pelas ruas de todo o país e, se for necessário, atacar os bolsonarista - sem uso da violência - mas apontando toda a sua ignorância e seu reacionarismo, se for necessário aos berros.

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Alguns poderiam perguntar: Por que Bolsonaro teria tanta força? Vou enumerar as razões:

1- Antes do final do ano Bolsonaro vai editar um Refis (Refinanciamento de dívidas federais) para empresas e pessoas físicas, com carência de 6 meses, 90% de desconto nas multas e divisão em 120 vezes sem juros. A classe empresarial vai apoiá-lo assim como milhões de trabalhadores pejotizados.

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2- Ele vai passar o Bolsa Família, que passará a se chamar de Renda Brasil, para o valor de R$ 400,00 (ocultará o fato de que essa medida vale até dezembro e prometerá sua continuidade). Com isso, as garras fascistas vão atacar o Nordeste e as classes D e E. 

3- A gasolina e o gás estão caros. Ele sabe disso e deixará eles aumentarem até fevereiro. A partir daí Bolsonaro começará a intervir gradativamente para as suas rebaixas, intervindo positivamente na cadeia geral de produção, em especial nas contas de luz e nos alimentos. 

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4- Já em novembro desse ano será dado à Caixa Econômica Federal dinheiro para lançar o maior plano de financiamento da construção civil da História da nova república. A construção civil é a mãe de todos os empregos diretos e indiretos do país.

5- Dirá que, apesar de tudo, foi ele que pagou por todas as vacinas e que venceu a pandemia. Vai comparar com os EUA que ficará pra trás do Brasil em relação à taxa de vacinados.

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6- Vai culpar os governadores pelo desemprego, pela fome e pelas mortes da COVID 19. 

7- Vai comprar o apoio do centrão e terá o maior tempo de televisão. 

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8- Bolsonaro tem uma militância fanática e agressiva. Além disso, ele tem o apoio dos evangélicos e dos católicos carismáticos. 

9- O anti-petismo ainda é forte. A imprensa continua deixando Lula e o PT na Sibéria do esquecimento e já negou sentar para construir uma ponte de diálogos com os mesmos. 

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10- Os debates serão tarde da noite, atingirá pouca audiência e não serão decisivos. 

Vou ficar na décima razão para chamar tudo isso de “decálogo do sacrifício”, que é o que nos custará para vencer Bolsonaro. 

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Poderia ainda incluir as sandices de Ciro Gomes e seu serviço para a direita, a própria direita que se unirá aos ataques a Lula, a desunião da esquerda para aumentar suas bancadas, entre outros sérios vacilos.

2022 será um ano decisivo. Ou Bolsonaro é derrotado ou o Brasil deixará de existir. Estamos em um estado de emergência que vai muito além da luta. 

Temos que combater o fascismo até a última gota de suor e até a última gota de sangue. Não teremos os bombardeiros soviéticos e nem o exército vermelho para nos ajudar. Estamos sós e essa será uma luta entre nós contra todos.

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