Para motivar a tropa, Viagra e próteses penianas

"Não me espantarei se amanhã vir nas manchetes que os quartéis encomendaram 'bonecas infláveis' ou uma penca de 'brinquedinhos' de todo tipo", diz Denise Assis

(Foto: ABr)


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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia

Não andam bem as coisas pelos lados das Forças Armadas. Quem teve notícias de como era a vida nos quartéis nos idos dos anos 1960/1970, quando os militares eram carrancudos e metiam medo na população, não só pelo que aparentavam, como pelo que deles se ouvia falar à boca miúda – nada de estridência, porque o perigo morava na esquina –, não os reconhece na atual conjuntura. Em tempos de carregamento de Viagra, prótese peniana e, (quando alguém olha para o lado distraído), até de cocaína, em avião da frota presidencial. 

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Naquela época, um dos espaços mais importantes das unidades militares chamava-se: “cassino dos oficiais”. Ali, na “área de lazer”, aconteciam todos os “ões”: confabulações, delações, traições e, promoções. Isto sim, interessava. As intrigas eram o “Viagra” daqueles tempos. Entre a mesa de sinuca, os tabuleiros de xadrez - para os mais dotados em raciocínio estratégico - e de jogo de damas para os menos aquinhoados (importante destacar: em inteligência e habilidade), era a hora de se praticar “network”, autopromoção, e o momento dos bajuladores, todos atrás de mais uma estrelinha, ou de empurrar para baixo os que se ombreavam na disputa.Era feroz a luta para escapar de descrições como as da historiadora e autora do livro: “A Política nos quartéis”, Maud Chirio: “A respeito dos anos 1950 e do início dos anos de 1960, uma leitura dicotômica prevalece sistematicamente: nacionalistas contra entreguistas, legalistas contra golpistas, esquerda contra direita militar.” Era este, exatamente o clima nas fileiras. Não faltava “tesão” por uma causa e a vaidade não era pela obtenção de mais cabelos na cabeça (houve também compra de tônico capilar), mas por galgar novos e importantes postos na carreira.

Agora, a “carreira” que se faz presente entre os militares pode não ser exatamente o futuro profissional. Tivemos notícia de avião da frota presidencial transportando 39 quilos de cocaína para a Espanha. 

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Não bastasse isto, a imagem do Exército ficou inexoravelmente pregada, durante a pandemia, à de um mero laboratório de cloroquina, fartamente distribuída fora das orientações da bula, pelo general/ministro, Eduardo Pazuello, que preferia o remédio ineficaz à compra de vacinas salvadoras. 

Por fim – e a gente pensou que era o fim da linha em termos de escândalo -, o deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) apresentou, nesta segunda-feira (11/4), requerimento pedindo explicações ao Ministério da Defesa, conforme noticiou o jornalista Guilherme Amado, em sua coluna no Jornal Metrópoles, sobre processos de compra de 35.320 comprimidos de Viagra para atender às Forças Armadas. O remédio costuma ser usado para tratar disfunção erétil. A desculpa da pasta foi a de que os comprimidos seriam empregados em insuficiência pulmonar, mas a substância destinada a esse tratamento é indicada em comprimidos de 20ml, e os adquiridos pelas FAs foram de 25, ou seja, para aquilo a que de fato se destinam: “disfunção erétil”. A denúncia foi feita pelo deputado Elias Vaz, do PSB de Goiás.Não contentes com o vexame – não pela disfunção, mas pelo mal uso do seu, do meu, do nosso dinheirinho para tal fim -, hoje (12/04), vem à tona a encomenda de nada mais que 60 próteses penianas infláveis no valor de R$ 3,5 milhões, encomendadas pelo nosso “brioso” Exército Brasileiro. Novamente a denúncia foi feita pelo deputado Elias Vaz, desta vez em conjunto com o senador Jorge Kajuru, do Podemos do mesmo estado.

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Eles pedirão investigação ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao Ministério Público Federal (MPF) para determinar por que o Exército fez encomenda desse inusitado produto, em se tratando da caserna. 

O Portal da Transparência e o Painel de Preços do governo federal apontam que foram feitos três pregões eletrônicos no ano passado para adquirir as prótese, cujo comprimento varia entre 10 e 25 centímetros.

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Não me espantarei se amanhã vir nas manchetes que os quartéis encomendaram “bonecas infláveis” do último modelo, para divertir as tropas. Ou uma penca de “brinquedinhos” de todo tipo, a uma empresa fornecedora para os sex shops.

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