Panorama visto da ponte

"Candidatura de Moro está subindo no telhado. Continua inepto na expressão oral, lento de raciocínio, desinformado da realidade", escreve Luís Felipe Miguel

(Foto: Stuckert | ABr)


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Por Luís Felipe Miguel 

(Publicado no site A Terra é Redonda)

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A candidatura de Luís Inácio Lula da Silva segue de vento em popa. A estratégia escolhida pelo ex-presidente é – para usar uma palavra neutra – discutível, sobretudo quanto a seus efeitos pós-eleitorais, mas este é tema para outra reflexão. Desde que recuperou os direitos políticos, ele soube se posicionar como a antítese do pesadelo bolsonarista, tornando-se praticamente a opção única do centro para a esquerda. Embora venha mais uma campanha muito pesada, das usinas de fake news às minisséries da TV Globo, larga como franco favorito.

Já para Jair M. Bolsonaro, o melhor caminho seria talvez desistir de uma reeleição improvável e tentar um mandato parlamentar pelo Rio de Janeiro, garantindo imunidade. Mas tal passo é contraditório com a persona política que ele criou e com a manutenção de sua base fanatizada (além de exigir a desincompatibilização do cargo). Deve, portanto, seguir o caminho de Donald Trump: tumultuar o processo ao máximo, apostar em manobras de alto risco e manter, sempre, uma alta capacidade de disrupção, a fim de inibir medidas legais contra ele por parte de um futuro governo democrático.

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João Doria sabe que suas chances na eleição são próximas de zero. Mas mantém sua candidatura para permanecer como dono do espólio do PSDB. Imagino que priorizará a campanha de Rodrigo Garcia em São Paulo – uma disputa difícil, ainda que o vice-governador seja o maior beneficiado em potencial com a retirada da candidatura de Geraldo Alckmin. Para Doria, além de tudo, a vitória em São Paulo pode ser inócua. Como ele mesmo tão bem exemplifica, apadrinhamento hoje não garante lealdade amanhã.

A candidatura de Sérgio Moro está subindo no telhado. Mesmo depois do carnaval feito em torno de seu retorno ao páreo e com a simpatia indisfarçada da mídia, ele mostra tendência de recuo nas pesquisas – nem tem mais a terceira posição isolada, está empatado com Ciro Gomes. Continua singularmente inepto na expressão oral, lento de raciocínio, desinformado da realidade. Comete erros estúpidos – por exemplo, na longa entrevista que deu ao Flow – aliás patrocinado por um site de anúncios de prostituição – repetiu ataques contra o Bolsa Família que a própria direita brasileira já abandonou há mais de dez anos.

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A cada semana, um novo revés judiciário volta a expor a farsa que foi a Operação Lava Jato. Enfim, a relação muy perigosa com a empresa Alvarez & Marsal mostra-se um flanco devastador. Sua última cartada é alavancar-se graças a uma polarização com Lula, mas os petistas teriam que ser muito ingênuos para cair nesta esparrela. É provável que já esteja pensando em como promover um recuo tático e se transferir para a disputa ao Senado pelo estado do Paraná.

Ciro Gomes finalmente percebeu que não vai seduzir a centro-direita e tenta mais um reposicionamento de marca, novamente na centro-esquerda. Mas é improvável que consiga avançar. Seu comportamento errático e oportunista de 2018 para cá gerou ressentimentos profundos. E, apesar do marketing competente, ele não consegue deixar de ser notícia velha. Se fosse mais racional, estaria hoje negociando um apoio a Lula. Não o sendo, é provável que 2022 seja, para ele, o que 2018 foi para Marina Silva: o fim da linha.

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Rodrigo Pacheco, Simone Tebet, Alessandro Vieira, André Janones, Felipe d’Ávila – são todos factoides. Podem desistir já, podem até disputar mesmo, mas não passam de moedas de troca, para o primeiro ou para o segundo turno.

O PSOL dificilmente lançará candidatura própria, mesmo com os acenos cada vez mais explícitos do PT por uma composição com a direita. Caso lance, será difícil ter tração para influenciar o debate, ficando mais próximo do nicho das candidaturas simbólicas da esquerda (PSTU, talvez PCB ou UP) do que do núcleo da disputa real.

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Com as principais candidaturas presidenciais de outsiders (Luciano Huck, José Luiz Datena etc.) descartadas já no ano passado, parece que a eleição de outubro se configurará mesmo como um embate Lula versus Bolsonaro.

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