Panelaços funcionam como reservas de liberdade
"Embora os panelaços guardem uma conhecida tradição latino-americana de protesto político, a grande manifestação de quarta-feira, 18, mostra que podem vir a assumir uma importância redobrada no próximo período", escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia
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Por Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia
Para escapar de uma contaminação que pode custar milhares de vidas, brasileiros e brasileiras tem sido convocados a permanecer confinados nas próprias casas. Não devem sair a rua e devem evitar toda concentração de pessoas.
Não há dúvida de que o recolhimento tem uma razão legítima. É o último recurso para proteger o direito à vida da população de um país onde o SUS foi sucateado intencionalmente pelos governos Temer e Bolsonaro, e hoje não dispõe dos recursos tecnicamente disponíveis para proteger a própria saúde.
O panelaço de quarta feira, que teve sequencias animadas na noite desta quinta, e possivelmente irá incluir outras manifestações nos próximos dias, mostra que, mesmo numa situação difícil, a população não abre mão do direito de se expressar e reivindicar.
Isso é muito bom -- em particular, quando se recorda a vocação autoritária de Jair Bolsonaro e do bolsoanismo, alvos alvo de momentos inesquecíveis de repúdio e humor por parte de cidadãos com panelas e frigideiras nas mãos.
Em caso de eventuais ameaças aos direitos constitucionais, o panelaço é uma forma de ação coletiva, permitindo a um grupo de pessoas expressar sua visão sobre o rumo das coisas do país -- com repercussão garantida quando conseguem se conectar com redes sociais capazes de multiplicar sua audiência milhares de vezes.
Numa conjuntura de cidadãos atomizados compulsoriamente, os panelaços funcionam como uma alternativa para quem não abre mão falar com a própria voz -- preocupação particularmente valiosa num período no qual o colapso da saúde combina-se com recessão já à vista e a permanentes pressões contra a democracia.
Nesta situação, em momentos conturbados como o atual, os panelaços podem cumprir um papel insubstituível de reserva da liberdade de expressão, função comparável aos teatros de rua, murais e outras formas de manifestação política típicas dos tempos de resistência.
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