Palocci e a dialética do palavrão

Ele errou, traiu e apresentou-se nu diante de todos, apresentou-se como o que é, sem sonhos, sem ideologia

Ex-ministro Antonio Palocci 26/09/2016 REUTERS/Rodolfo Buhrer
Ex-ministro Antonio Palocci 26/09/2016 REUTERS/Rodolfo Buhrer (Foto: Pedro Maciel)


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Todos que jogam ou jogaram futebol, bem como aqueles apaixonados que frequentam as arquibancadas para torcer pelo seu time do coração ouvem e, por certo, já proferiram a libertadora expressão "filho da puta" ou, com mais esmero, "filho de uma puta", dentre outros palavrões de caráter igualmente libertador.

E todos sabem que tal expressão tem semântica própria, pois ninguém que refere à mãe daquele a quem direcionamos qualquer dos necessários palavrões.

O adequado uso de palavrões representa síntese e expressa indignação diante de um erro inescusável do Juiz ou de um dos jogadores de qualquer dos times, há, portanto, uma dialética nos palavrões e isso merece atenção. Ou seja, é há uma dialética do palavrão.

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Na literatura também encontramos o uso de palavrões. Entre os escritores mais lidos da literatura brasileira, o romancista baiano Jorge Amado (1912-2001) é um dos que mais usa o palavrão em sua vasta obra literária. E falando em romances, Amado não é o único intelectual que tem lugar garantido em cada letra do alfabeto. José Lins do Rego (1901-1957), Gilberto Freyre (1900-1987) e Oswald de Andrade (1890-1954), por exemplo, também figuram entre os "bocas-sujas" letrados.

Na poesia encontramos o uso do palavrão. Enquanto alguns poetas procuraram fazer dos seus poemas grandes manifestações dos sentimentos através de uma linguagem esteticamente bonita e apreciável, outros não pouparam ofensas, palavrões e descrições impróprias para fazer dos seus os mais obscenos.

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Por quê? Porque há uma inegável dialética do palavrão que não pode ser ignorada; porque dialética é uma palavra com origem no termo em grego dialektiké e significa a arte do diálogo, a arte de debater, de persuadir, raciocinar ou comunicar. No processo dialético há um debate onde há ideias diferentes, onde um posicionamento é defendido e contraditado logo depois. Para os gregos, dialética era separar fatos, dividir as ideias para poder debatê-las com mais clareza. Não há nada mais claro que um palavrão bem colocado, com a entonação adequada e com firmeza.

Se dialética também é uma maneira de filosofar, e seu conceito foi debatido ao longo de décadas por diversos filósofos, como Sócrates, Platão, Aristóteles, Hegel, Marx, e outros o uso adequado do palavrão, algumas vezes, é a síntese da reflexão filosófica, pois a dialética é o poder de argumentação e ele [o poder de argumentação] pode ser utilizado em um sentido pejorativo, como um uso exagerado de sutilezas.
O processo dialético consiste em uma forma de filosofar que pretende chegar à verdade através da contraposição e reconciliação de contradições. A dialética propõe um método de pensamento que é baseado nas contradições entre a unidade e multiplicidade, o singular e o universal e o movimento da imobilidade.
O "Palavrão" é tido como um grupo de palavras que são consideradas, em meio à sociedade, como vulgares e desnecessárias, mas não é apenas isso... Podem ser utilizadas para definir exageros, para xingamentos, é verdade, mas podem [e devem] ser empregado para expressar raiva ou, como síntese um processo dialético, definir o outro, sua ação ou pensamento.
Tomando os dois conceitos [dialética e palavrão] e a ideia da Dialética do palavrão, após reflexão serena é possível definir Antonio Palocci e sua atitude como típica de um grande Filho de uma Puta.
Ele errou, traiu e apresentou-se nu diante de todos, apresentou-se como o que é um filho de uma puta sem ideais, sem sonhos, sem ideologia; um filho de uma puta de um traidor, mentiroso, covarde que cedeu à tortura do imparcial de Curitiba e ao Estado de Exceção [quando deveria denunciar], revelou-se um indigno de merda é, em síntese, um grande filho de uma puta.

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Pedro Benedito Maciel Neto, 53, advogado, sócio da MACIEL NETO ADVOCACIA, autor de "Reflexões sobre o estudo do Direito", Ed. Komedi, 2007 – pedromaciel@macielneto.adv.br

 

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