Palhaçada

Ora, os palhaços estão na praça pública, entre mendigos e famílias acampadas na praça da Sé ou outras, em hospitais, pontos de cultura

O ator Selton Mello, que além de dirigir, interpreta Benjamim / Palhaço Pangaré, no longa-metragem “O Palhaço” (2011).
O ator Selton Mello, que além de dirigir, interpreta Benjamim / Palhaço Pangaré, no longa-metragem “O Palhaço” (2011).


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A comparação espetaculosa da política ao picadeiro é uma injustiça aos nossos artistas, os quais padeceram quatro anos sem um Ministério da Cultura. Jogados na rua, cuja relevância era um “pum do palhaço”. Aliás, uma analogia triste e descabida da secretária Regina Duarte, para falar de Cultura como mero entretenimento da criançada, em 2020, na sua posse capenga. Depois de dois meses no cargo, a secretária foi derrubada pela ala olavista, por fogo amigo. A Cinemateca, entregue às moscas, seria o segundo “presente” à atriz. Contudo, a Cinemateca já fora implodida pela falta de gestão federal, retirando os parcos recursos que tinha a instituição, inclusive para extintores e pagamentos dos funcionários do corpo técnico especializado. Depois do desmantelamento veio um incêndio em 29/07/2021, que culminou com perda de dois mil filmes nacionais históricos e quatro toneladas de arquivos impressos de um dos maiores acervos de filmes da América Latina e registros desde 1895.

Ora, os palhaços estão na praça pública, entre mendigos e famílias acampadas na praça da Sé ou outras, em hospitais, pontos de cultura e muitas vezes, pasmem, por humanismo, por redenção, desprendimento, vocação. Na pior crise e gestão da ultradireita bolsonarista, foram aos faróis, nas esquinas do país, caminhando num fio de esperança, não é justo relegá-los a um circo de horrores, nem das grosserias incomparáveis a picadeiro, o qual é vitimado, cuja autoridade do palhaço é a redenção pela graça solidária. 

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Francisco Everardo foi o primeiro palhaço eleito da história, o Tiririca. Para os analistas, a função dele não era política, mas apenas de puxar votos a candidatos não midiáticos, ao partido, inda que o “amante de Forentina” tenha caído em votos nas últimas eleições. 

Ao lado de coronéis de vários mandatos e filhos destes as redes sociais trouxeram também youtubers, lacradores, personagens de memes, bastando ser notório, notado, conhecido, nada mais e com eles muitos que estariam no ostracismo vêm à ribalta.

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Devido a políticos performáticos, histriônicos, picarescos, da bufonaria e blefes, e pior, reincidentes, alguns críticos acham que fazem o Congresso Nacional de “circo”. Num país de maus patrões, até os termos são mal empregados. Eu diria que há até alguns patéticos, mas não ouso chamar de circo esse poder.

Circo não, mas tem os que o façam arremedo de picadeiro. 

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Não resta dúvida de que temos políticos bem preparados e assessorados, em todos os campos partidários, os quais são necessários ao exercício do poder e fortalecimento das instituições e caça aos jabutis. Políticos de notório conhecimento, juristas, médicos, engenheiros, professores, cientistas. Porém, alguns parlamentares não se comunicam diretamente com a mesa em meio a discussões e votações importantes. Falam ao celular registrando suas bravatas nas redes sociais, para edição e chamarisco de lacrações.  

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