Palavras de ordem: responsabilidade e união

Por mais que haja boa vontade, não conseguimos ver uma saída para a crise, porque não é possível, ainda, diálogo entre governo e oposição. O governo às vezes tenta, mas a oposição obstrui

Presidente Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada. 19/02/2016 REUTERS/Ueslei Marcelino
Presidente Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada. 19/02/2016 REUTERS/Ueslei Marcelino (Foto: Victor Caria)


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De uma coisa não temos dúvida: a eleição de 2014 não chegou ao fim. Parece que ainda estamos em um debate eleitoral, onde situação e oposição vivem em confronto aberto, acusando-se para saber quem foi o vilão do país. O que parece é que a luta dos partidos gira em torno de um único objtivo: vencer a eleição, mesmo que seja a de 2018 e o país chegue em frangalhos àquele pleito.

O ano de 2015 seria de ajustes, conforme anunciava o Planalto, onde a casa passaria por "reformas", como realizado em outros momentos, de modo que 2016 fosse o momento da retomada do crescimento e, a partir de 2017, voltaríamos a ser o país do emprego e renda em crescimento real constante. O que se configura é que estamos diante de um governo que não consegue controlar a sua base de apoio no Congresso, um presidente da Câmara dos Deputados hostil e uma presidente que não consegue ser a protagonista do seu mandato.

Por mais que haja boa vontade, não conseguimos ver uma saída para a crise, porque não é possível, ainda, diálogo entre governo e oposição. O governo às vezes tenta, mas a oposição obstrui. Se a oposição tenta aprovar algum item, os partidos de apoio ao governo não aceitam. E trava-se uma queda de braços que emperra o país.

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Ainda temos dois anos e dez meses para o término do segundo mandato de Dilma Rousseff (PT). Os dados mais recentes são sombrios: perda de grau de investimentos pelas principais agências de classificação de riscos, inflação de quase 11%, a maior desde 2002, perda de 1,6 milhão de postos de trabalho com carteira assinada no último ano, além da perda de crédito para as famílias e queda no rendimento per capita. E o risco de piora é visível: só em janeiro deste ano foram fechadas quase 100 mil vagas de trabalho com carteira assinada, enquanto em janeiro de 2015 se foram 82 mil. O dólar está nas alturas, prejudicando as empresas que possuem dívidas enormes. A SELIC na faixa dos 14% faz com que a dívida pública cresça cada vez mais. A relação entre crescimento da dívida e queda do PIB é um coquetel explosivo para o país. E as estimativas dos principais economistas e também do Banco Central prevêem mais inflação e recessão para 2016.

A discussão não pode se concentrar em denominar as pessoas de "vira-latas", de "pessimildos" ou de que os inimigos preferem "o quanto pior, melhor". A disputa política não pode ser como as torcidas de futebol, porque precisamos de diálogo para vencermos esse momento difícil. Enquanto não houver consenso entre todos os atores políticos para se resolver a crise política, continuaremos ladeira abaixo. Do jeito que está, o governo já demonstrou não conseguir. A oposição também já deu sinais de que não tem outro projeto para o país, uma vez que sua batalha se concentra em apenas derrubar o governo. Se apresentasse uma agenda concreta ao país, talvez tivesse mais credibilidade.

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Nesse ritmo, certamente elegeremos uma nova força política em 2018 e sem garantia de sucesso. Mas até lá não dá para continuar como está. A parcela mais pobre da população está sofrendo com a inflação descontrolada, com os preços surreais dos alimentos e dos combustíveis, com os financiamentos a perder de vista e os orçamentos domésticos cada vez mais apertados. Os politicos parecem não se importar com esse problema, mas não adianta fechar os olhos para a realidade. O Brasil precisa se reerguer e está faltando responsabilidade e união de todos.

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