País precisa de reforma da Presidência
"Não adianta tentar mudar de assunto. O assunto é a quebra de decoro e da dignidade do cargo. Não dá para esquecer. Nem o tempo apaga. O dolo ocorreu. O mercado está assustado. Nem os bolsonaristas menos fanáticos acreditaram no que viram", avalia o jornalista Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia; "O mundo está ao mesmo tempo perplexo, rindo e assustado com o Brasil. Todos os editoriais reprovam o que ele fez. Mas não estimulam remédios mais drásticos, como o impeachment"
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia - Não adianta tentar mudar de assunto. O assunto é a quebra de decoro e da dignidade do cargo. Não dá para esquecer. Nem o tempo apaga. O dolo ocorreu. O mercado está assustado. Nem os bolsonaristas menos fanáticos acreditaram no que viram. O mundo está ao mesmo tempo perplexo, rindo e assustado com o Brasil.
Todos os editoriais reprovam o que ele fez. Mas não estimulam remédios mais drásticos, como o impeachment.
"Veja" diz na capa que ele saiu do episódio "menos presidente e mais Bolsonaro". "O Globo" escreve que o tuíte foi "desastrado" e que é para ele "descer do palanque" e que a reforma da previdência "é um teste de vida ou morte para o governo". O "Estadão" vai na mesma linha. Nelson Motta pergunta em seu artigo: que investidor estrangeiro vai colocar dinheiro num país que tem um presidente como esse?
Acho esquisito o argumento de algumas pessoas que concordam que ele cometeu crime de responsabilidade, mas não com o impeachment. É a posição do senador Randolfe Rodrigues, por exemplo, líder da minoria. E também a de Reinaldo Azevedo.
(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)
Eles devem achar que em nome da reforma da previdência é melhor não mexer com o pornô- presidente, na definição de Paulo Moreira Leite. Mais ou menos o que pensaram muitos eleitores de Bolsonaro. Votaram nele para evitar o que seria – para eles – o mal maior. Erraram no ano passado e continuam errando agora. Tentam evitar outro mal maior: o fracasso da reforma.
Se o que ele fez se enquadra na lista dos crimes de responsabilidade do presidente da República tem que ser seguido o trâmite constitucional. Não importa que ele seja um presidente novo. Não há menção a isso no artigo.
Dilma não cometeu crime, mas levou impeachment e Bolsonaro, que cometeu, vai sair no lucro?
Ou a lei é para todos ou não é para ninguém.
(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)
Um presidente sem autoridade moral não vai convencer a população a aceitar passivamente uma reforma que só piora a situação dos aposentados, principalmente os mais pobres. Por mais propaganda enganosa que se faça. Seria tarefa para um líder habilidoso, conciliador, inteligente, generoso, sincero, amável, carinhoso, preocupado com a população.
Tudo o que ele não é e nunca será.
Em vez de reforma da previdência, o país precisa de reforma da presidência.
P.S.: hoje ele escorregou de novo. Chamou as mulheres de "joias raras". Para mulher-objeto faltou pouco.
(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247