Outro absurdo de Dias Toffoli
"É preciso virar a página do passado, mas antes é preciso ler o que está escrito nela – e agir. Chamo isso de integridade, Dias Toffoli", diz Eric Nepomuceno
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Por Eric Nepomuceno, para o 247
O nome da fera em questão é José Antônio Dias Toffoli. Ele nasceu em Marília, interior de São Paulo, em 1967. Faz parte do Supremo Tribunal Federal desde 2009, indicado pelo então presidente Lula.
Chegou lá jovem, com 42 anos. Portanto, tem mais um bom tempo até se aposentar.
Antes de chegar lá, teve uma carreira oscilando entre obscura e meramente burocrática, com uma única exceção: foi, sempre indicado por Lula, advogado-geral da União entre 2007 e 2009.
Trabalhou basicamente como assessor ou advogado de entidades ligadas ou próximas ao PT, como a CUT.
Quis ser juiz-substituto em São Paulo. Prestou dois concursos. Foi reprovado duas vezes.
No STF surpreendeu, entre outras iniciativas, quando chamou o golpe militar de 1964, que instalou uma noite de breu que durou 25 anos, aliás anos coalhados de tortura, violações, mortes, de “movimento”. E também quando convocou dois generais, Fernando de Azevedo e Silva e Ajax Pinheiro, como “assessores”.
O primeiro foi ministro de Bolsonaro. O segundo fez campanha eleitoral para o Genocida.
Em 2018 Toffoli foi encontrar o general golpista Villas Bôas, aquele que mandou um recado que foi obedecido num gesto poltrão e omisso pelo STF, mantendo Lula preso e abrindo espaço para a eleição do pior e mais abjeto presidente da história da República.
Pois agora, em Nova York, Dias Toffoli resolveu falar da Argentina. Disse ele ao empresariado reunido por João Dória e companhia que a Argentina, ao julgar e condenar e prender agentes do Estado – civis e militares – que cometeram lá o que foi cometido aqui durante a ditadura, ficou presa ao passado.
E diante da perspectiva – distante, muito distante – de que aqui se anule a absurda e covarde Lei de Anistia, disse ele: “Não vamos cair nessa situação em que infelizmente alguns vizinhos nossos caíram”.
Não, Dias Toffoli, alguns não: todos. Vou me permitir mencionar um livro meu. Dê uma lida em “A memória de todos nós”, editado pela Record.
Nele você lerá que o Brasil é o único – o único! – país latino-americano que não puniu quem torturou, trucidou, violou e matou opositores, muitos deles integrantes de movimentos armados e muitíssimos outros que não faziam parte de nada.
Aliás, a Argentina foi o país mais exemplar nessas punições. Mais de mil criminosos da ditadura foram punidos. E o general Jorge Rafael Videla, de asquerosa memória, morreu preso, sentado num vaso sanitário.
Lembro de meu fraterno amigo, o advogado Luis Eduardo Duhalde, grande impulsor dos direitos humanos na Argentina e um dos principais responsáveis pelas punições aplicada.
Ele dizia que sim, é preciso virar a página do passado, mas antes é preciso ler o que está escrito nela – e agir.
Chamo isso de integridade, Dias Toffoli, de decência.
E não sei como chamar a sua atitude. Absurdo talvez seja pouco.
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