Outra vergonhosa palhaçada para o Brasil
"Jair Messias de novo se atropelou, com sua olímpica falta de noção", diz Eric Nepomuceno sobre oferta de asilo político à golpista boliviana Jeannine Ánez
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Por Eric Nepomuceno, para o 247
No domingo, durante uma transmissão via internet, Jair Messias conversou com quatro bajuladores sem limites, disfarçados de jornalistas (um deles até que foi alguma vez, e com longa trajetória).
Entre as infinitas aberrações proferidas pelo cada vez mais desequilibrado presidente, uma acabou merecendo pouco espaço nos meios tradicionais de comunicação, talvez pelo acúmulo de estrondos da tal bajulação coletiva: foi quando Jair Messias disse que estava “trabalhando” para oferecer asilo à golpista boliviana Jeanine Áñez, presa em março de 2021 e agora em maio condenada pela Justiça a dez anos de cárcere.
É até compreensível que, diante das ameaças furibundas de Jair Messias contra a nossa situação interna, a repercussão da oferta de asilo tenha sido relegada a um terceiro plano. Já no exterior o quadro foi outro. Algumas das principais agências de notícias difundiram a história, e a repercussão tem sido claríssima.
Qualquer governante com alguma coisa além de estrume na cabeça tem noção de que asilo diplomático é algo que se pede, e que raríssimas vezes é oferecido. E, quando isso acontece, há sempre uma discretíssima e intensa negociação, para não afiar arestas nas relações entre os países.
É comum até mesmo que um pedido de asilo, quando aceito, seja acompanhado de negociações entre dois ou mais governos.
Jair Messias de novo se atropelou, com sua olímpica falta de noção.
Pois no dia seguinte vieram duas respostas bolivianas, despachadas pelo ministério de Relações Exteriores e pelo presidente da Câmara dos Deputados, Freddy Mamani.
Para Mamani, que optou por mandar sua mensagem pelo twitter, Jair Messias não se interessa pelos massacres (que ocorreram durante o golpe que levou Yáñez ao poder), pela democracia ou pela Justiça”.
Bem, é exatamente o que ele faz aqui, mas desta vez resolveu fazer a mesma coisa num país vizinho.
Já o ministro de Relações Exteriores, Rogelio Mayta, respondeu com a contundência que a cretinice de Jair Messias merece.
Numa entrevista coletiva, disse que “Lamentamos as desafortunadas declarações do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que são absolutamente impertinentes, fazem uma imprópria injerência em assuntos internos, não respeitam as formas de relacionamento entre Estados e não coincidem com as relações de boa vizinhança e respeito mútuo entre o Brasil e a Bolívia”.
E anunciou que o governo do presidente Luis Arce, do mesmo partido de Evo Morales, prepara uma queixa formal a ser apresentada ao governo brasileiro.
Basta lembrar o que aconteceu na Bolívia para que Jeanine Áñez chegasse ao poder e fica fácil entender a posição de Jair Messias.
Depois de uma claríssima ingerência de Luis Almagro, o uruguaio que em 2019 ocupava a secretaria-geral da Organização dos Estados Americanos, a fatídica OEA, Evo Morales, que havia sido reeleito, acabou saindo do país e se exilando primeiro no México, depois na Argentina.
A razão dessa saída é um dos sonhos de Jair Messias: insatisfeita com o resultado das urnas, a extrema-direita boliviana insuflou uma rebelião da versão local da Polícia Militar, diante da passividade das Forças Armadas.
Quando Morales já estava exilado e o golpe havia deixado um saldo de pelo menos uma centena de mortos, em sua esmagadora maioria indígenas, o Exército despachou os policiais militares de volta para os quartéis, enquanto no Congresso Jeanine Áñez, uma obscura senadora que ocupava a segunda vice-presidência do Senado – o presidente e o primeiro vice-presidente se negaram a participar da farsa – se autoproclamou mandatária.
É ou não é exatamente o que Jair Messias pretende fazer aqui no Brasil, com a diferença que ele mesmo se autoproclamaria presidente depois de ser derrotado nas urnas?
O apoio dele à golpista agora presa não faz mais que refletir o seu imenso pavor: seguir o mesmo caminho dela, rumo ao xilindró.
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