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Ou transformamos o funeral de Arruda num grande basta, ou não poderemos sair mais às ruas

"Para que isso aconteça as instituições têm que parar de se omitir, empurrar com a barriga o dever de garantir que as leis se cumpram", escreve Denise Assis

(Foto: Reprodução)
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Por Denise Assis, para o 247 

Estamos a três meses das eleições e um homem morreu por sua escolha política. Apenas porque abraçou uma ideia, se dedicou a uma causa e alardeou o nome do seu candidato, transformando-o no tema de seu aniversário de 50 anos. O guarda-municipal Marcelo Arruda era um quadro do PT. Foi candidato a vice-prefeito de Foz do Iguaçu pelo Partido dos Trabalhadores no pleito de 2020, em uma região predominantemente de ultradireita. Era também um líder sindical, respeitado pelos colegas de trabalho e de militância. Em resposta a tamanha violência, a sociedade tem obrigação de dar um basta. Ou o seu funeral se transforma em um ato com a magnitude do enterro de Edson Luiz, morto em 28 de março de 1968, com o primeiro tiro desfechado pela ditadura contra o coração de um estudante, no Centro do Rio, ou a campanha eleitoral está interrompida. A oposição será acuada. O campo progressista não pisará mais na rua, que é o que esperam os fascistas de plantão. Vencer pelo medo.

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A morte do guarda Arruda, um crime político, premeditado e executado com extrema violência, teve a sonoplastia dos gritos de um fanático que resolveu seguir o que o seu líder mandou: “vocês sabem o que têm que fazer”. E ele fez. Tirou a vida de um pai de família, só por pensar diferente dele. Esse foi um crime de mando. José da Rocha Guaranhos, de 28 anos, apenas cumpriu, na ponta, a ordem que veio de cima. Foi um crime de ódio.  

Um ódio alimentado desde a campanha de 2018, com direito a cenas de rajadas de metralhadora (fake, simulada) e com ameaças constantes contra os inimigos “internos”, a “petralhada”.  

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Várias foram as transgressões cometidas a partir daí, pelo presidente que chegou ao poder a bordo do azedume destilado naquela campanha, sempre ignoradas primeiro pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que se sentou em cima de uma pilha de 60 pedidos de impeachment, alegando falta de “correlação de forças políticas”, item que não consta do artigo da Constituição que trata do afastamento do presidente da República. Outros 60 chegaram já na gestão de Arthur Lira, mas este já estava comprado por 30 dinheiros e mandava seguir o baile, a cada ameaça. Tampouco agiram ou tomaram providências de interromper a escalada violenta O STF – acossado por ameaças constantes –, a PGR, onde Aras mais parece um goleiro, a matar no peito tudo que para lá é enviado e, por fim, o TSE, que abriu a porteira para questionamentos sobre a eleição, sem cortá-los pela raiz, como deveria tê-lo feito. Deixou que denúncias infundadas e sem provas crescessem como erva daninha, contaminando o ambiente eleitoral.    

Estamos no ponto de inflexão. Ou avançamos pelas vias democráticas, interrompendo a escalada de violência, ameaças e terror, ou estaremos condenados a um futuro incerto, “acoelhado”. Adeus marchas com camisas estreladas sobre o vermelho, símbolo da luta travada ao longo dos anos, por trabalhadores, por garantia dos seus direitos, por liberdade e pelo futuro. Adeus atos ao som de jingles ritmados e dançantes. Ou as instituições vêm a público dizer qual vai ser o rumo até outubro, ou seremos tangidos como gado, sob a mira de quantas armas foram somadas às coleções de um exército clandestino, que nos mira cotidianamente, nesta travessia até outubro.

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Até aqui, a perspectiva é que Luiz Inácio Lula da Silva vença. É o que tem mostrado as pesquisas de forma insistente, em todos os institutos. A princípio, só o que poderá mudar esse quadro é uma ruptura institucional. E eu quero votar em outubro. Acredito que 70% dos brasileiros – tirando os 21% que insistem em se omitir ou anular -, também querem.

Para que isso aconteça as instituições têm que parar de se omitir, empurrar com a barriga o dever de garantir que as leis se cumpram e que a Constituição deixe de ser estuprada.

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