Otan aposta na continuidade da guerra e expansão para a Ásia

Aliança Atlântica adota a guerra na Ucrânia como sua, põe a Rússia no alvo e se volta contra a China, escreve o editor internacional José Reinaldo Carvalho

Participantes da Cúpula da Otan se posicionam para posar para uma foto oficial em Vilnius, Lituânia, em 11 de julho de 2023
Participantes da Cúpula da Otan se posicionam para posar para uma foto oficial em Vilnius, Lituânia, em 11 de julho de 2023 (Foto: Andrew Caballero-Reynolds/Pool via REUTERS/File Photo)


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Por José Reinaldo Carvalho, 247 - A declaração da Otan aprovada na Cúpula de Vilnius, Lituânia, durante esta semana (11 e 12 de julho), é reveladora dos planos da aliança atlântica, designada por ativistas dos movimentos pela paz como o braço armado das potências imperialistas ocidentais. Serão prolongados e intensos seus impactos, repercussões e implicações geopolíticas para o equilíbrio internacional.

A Ucrânia tem sido palco de tensões geopolíticas nos últimos anos, desde que ocorreu um golpe de Estado (2014), instrumentalizado por aquelas potências, e a partir dele se intensificaram as tratativas para fazer com que o país se tornasse membro da Otan. Foi também naquele momento que se tornou evidente a influência predominante da extrema-direita e de movimentos de cariz nazista no país, ganhou fôlego o massacre das populações da região do Donbass (Lugansk e Donetsk) e cresceu a militarização do território em toda a linha, o que representou uma ameaça existencial direta à Rússia. A expansão da Otan para o leste da Europa até às fronteiras russas era um mau sinal no quadro internacional e uma indicação clara de que eclodiria uma guerra. A reação óbvia da Rússia foi o apoio ao movimento pela independência da Crimeia e a ajuda aos combatentes do Donbass, que se declararam em luta armada e proclamaram duas repúblicas independentes.

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Antes de desencadear o que denominou Operação Militar Especial em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia traçou suas linhas vermelhas para defender-se do que era de fato a preparação de uma ofensiva militar ocidental. Uma delas era - continua sendo - a candidatura ucraniana a tornar-se país membro da Otan. Na cúpula desta semana, as potências imperialistas ocidentais convidaram a Ucrânia às suas fileiras, mas tiveram o cuidado de sopesar a correlação de forças e assinalar que a entrada efetiva tem de ficar para depois.

A adesão da Ucrânia à Otan inevitavelmente geraria uma escalada das tensões com a Rússia, potencialmente agravando ainda mais o conflito em curso. Isso poderia ter consequências desestabilizadoras para a região como um todo e para o equilíbrio internacional, uma grave ameaça à paz.

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A Otan decidiu uma solução intermediária, que consiste em oferecer mais ajuda militar a Kiev e garantias plenas de segurança.

Outros aspectos reveladores das ameaças à paz acarretadas pelas resoluções da cúpula da Otan são a classificação da Rússia como principal inimigo a combater e os ataques retóricos destemperados à China, país que tem procurado desenvolver relações pacíficas e de cooperação com todos os membros da aliança.

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Enquanto isso, o impulso estratégico da Otan para se intrometer na região da Ásia-Pacífico também se tornou um vetor da ação da aliança. O pretexto é dissuadir as supostas ambições estratégicas da China.

Este é o segundo ano em que Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia são convidados para a cúpula da Otan. A fim de amarrar firmemente esses quatro países, a organização imitou o mecanismo "Quad" dos EUA, Japão, Índia e Austrália na cúpula do ano passado e criou especialmente um novo nome para esses quatro países - "Asia-Pacific Four (AP4), com a finalidade de institucionalizar a cooperação entre esses quatro países e a Otan e torná-los novos aliados de fato da " Otan+" na região da Ásia-Pacífico.

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Diante desse quadro, é necessário evidenciar o caráter agressivo e belicista da aliança atlântica. A Otan foi criada em 1949, com o pretexto das potências ocidentais de defenderem-se de uma suposta agressão soviética. No entanto, desde o fim da União Soviética, a organização tem se expandido de forma agressiva em direção às fronteiras da Rússia. Essa expansão é percebida pela Rússia como uma provocação direta e uma ameaça existencial. Tais ações não contribuem para a estabilidade e a paz na região, e podem levar a um aumento das tensões e até mesmo a uma escalada da guerra.

Além disso, é importante considerar o histórico de intervenções militares lideradas pela Otan, como as operações no Afeganistão, Iraque, Iugoslávia e Líbia.

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A cúpula da Otan é um sinal de alerta para as forças progressistas no mundo. É fundamental combater o militarismo, o intervencionismo e as políticas de guerra dessa aliança, promover um amplo movimento mundial contra a existência de tal pacto agressivo e multiplicar as ações pela paz.

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