Os verdadeiros estupradores e pedófilos são da extrema-direita e elogiados por Bolsonaro

Em 2019, durante a posse do diretor-geral da hidrelétrica de Itaipu, Bolsonaro elogiou Alfredo Stroessner, conhecido pelo estupro de diversas meninas menores de idade

Alfredo Stroessner e Pinochet, heróis de Bolsonaro
Alfredo Stroessner e Pinochet, heróis de Bolsonaro


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Como denunciei em recente artigo, Jair Bolsonaro fez campanha demagógica com a pedofilia e buscou associá-la com a esquerda. Também denunciei que sua campanha por aumento de penas para pedófilos é apenas propaganda política e que a esquerda não deve cair na campanha realizada dos direitistas em defesa do punitivismo.

Em determinado parágrafo, ressaltei que “os fascistas - como bem lembra o filme “Salò ou 120 dias de Sodoma”, do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini - apesar de se apresentarem como defensores da moral mais pura, são geralmente os piores tipos da sociedade, uma verdadeira escória”.

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Esse artigo é a parte 2 do outro e serve para denunciar a mesma coisa: a demagogia fascista. Bolsonaro é reconhecido pela sua defesa de ditadores latino-americanos, que têm em suas mãos, além do sangue de milhares de pessoas, o estupro e a tortura de diversas outras.

Em 2019, durante a posse do diretor-geral da hidrelétrica de Itaipu, Bolsonaro aproveitou para exaltar o ditador pró-imperialista do Paraguai, Alfredo Stroessner. “É um homem de visão e estadista, que sabia perfeitamente que seu país, Paraguai, só poderia progredir se tivesse energia. Então, aqui, a minha homenagem ao general Alfredo Stroessner”, afirmou na ocasião.

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Stroessner, além de traficante internacional, contrabandeador, genocida e entreguista, também é conhecido pelo estupro de diversas meninas menores de idade. A pedofilia era sistêmica durante seu governo. Ele ordenava que as Forças Armadas sequestrassem garotas entre 10 e 15 anos para estuprá-las em seguida. Seu “depósito de garotas” era renovado regularmente. Investigações do Departamento de Memória Histórica e Reparação do Ministério da Justiça em Assunção, Stroessner estuprava em média 4 crianças por mês.

As meninas também eram estupradas pelos oficiais do exército, conforme relatado por uma das vítimas, Julia Ozoria, em seu livro “Uma rosa e mil soldados”. Julia foi sequestrada da casa de seus pais por um coronel e mantida como escrava sexual durante três anos.

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Além de Stroessner, Bolsonaro também elogiou o ditador chileno Augusto Pinochet. “Pinochet fez o que tinha que ser feito, porque no Chile havia mais de 30 mil cubanos. Então tinha que ser de forma violenta para reconquistar o seu país”, afirmou Bolsonaro no programa de TV de João Kleber. Quando Pinochet foi preso pelo governo britânico, o então deputado federal Bolsonaro subiu à tribuna da Câmara para defendê-lo.

Assim com na ditadura militar brasileira, o regime de Pinochet era famoso por estuprar e torturar mulheres. Em 2004, uma das vítimas denunciou: “Fiquei grávida depois de um estupro e abortei na prisão. Levei choques elétricos, fiquei pendurada, fui afogada em um tonel de água, queimada com charutos. (…) Fui obrigada a tomar drogas, ameaçada sexualmente com cachorros, ratos vivos foram colocados na minha vagina. Também me obrigaram a ter relações sexuais com meu pai e meu irmão, que estavam detidos, e tive que ver e escutar as torturas deles. (…) Eles me puseram na grelha elétrica, fizeram cortes com uma espada no estômago. Tinha 25 anos. Fiquei detida até 1976. Não tinha nenhum processo.”

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Para finalizar, há também o torturador brasileiro coronel Brilhante Ustra, elogiado por Bolsonaro diversas vezes, inclusive no dia da aprovação de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, uma das vítimas do militar - "o terror de Dilma Rousseff", conforme disse Bolsonaro. Ele liderava esquemas de tortura que, entre outras coisas, colocavam ratos nas vaginas das mulheres torturadas.

Isso para citar apenas alguns exemplos, sem mencionar Fujimori, os milicianos, grupos de extermínios e outros torturadores defendidos por Bolsonaro durante sua vida.

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É nesse sentido o que afirmei na coluna anterior: não se deve cair na campanha demagógica da direita para aumentar penas contra estupradores e pedófilos, pois eles mesmo são os piores desta laia. Mas advinha: no caso deles, nunca são punidos pelo Estado, apenas quando a um processo de transformação política.

Reproduzo na íntegra o outro artigo:

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Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira, 14, que “a esquerda busca meios de descriminalizar a pedofilia, transformando-a em uma mera doença ou opção sexual”, em postagem no Twitter. Ele ainda afirmou que apresentou um projeto de lei de autoria da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, “que aumenta em 50% a pena para esses crimes”.

O discurso, além de malicioso, tentando relacionar a esquerda à pedofilia, é puramente campanha demagógica típica da extrema-direita. Bolsonaro aproveita um repúdio generalizado à pedofilia para fazer sua propaganda fascista contra a esquerda. Naturalmente, setores da esquerda ficam acuados, buscam seguir a propaganda bolsonarista - ao invés de denunciá-la.

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O projeto ainda não foi para votação, mas o desenvolvimento da luta política mostra como, em diversas vezes, no Congresso, a esquerda se colocou favorável ao aumento de penas e de leis para “combater os criminosos”, sempre buscando um pretexto "bom". Geralmente, essa política utiliza-se dos elementos mais odiáveis (pedófilos, estupradores, etc.) da sociedade para justificar o aumento de leis repressivas, que no fundo não irão resolver o problema e apenas irão aumentar o punitivismo.

Quando a imprensa capitalista estava fazendo a campanha, junto com a extrema-direita, contra os estupros e falando sobre violência contra a mulher, a esquerda adentrou de cabeça e votou - com a direita - leis que aumentam penas para estupradores e que, por exemplo, tornam o feminicídio crime hediondo. O que os parlamentares esquerdistas não perceberam é que estava entrando justamente na campanha demagógica da direita em defesa da punição para resolver os diversos problemas sociais que o País enfrenta. Uma ideia religiosa para “punir os pecadores”.

No fundo, o que está colocado é que, enquanto a direita faz demagogia para aumentar as penas e jogar a população pobre na cadeia, sendo que uma boa parte não foi julgada adequadamente, a esquerda, no mínimo, deveria ser contra este tipo de política. Pelo menos, a esquerda deveria ser ciente que punir não resolve problemas e abre brecha para a repressão das classes dominantes. 

Contra isso, deveria fazer a campanha de que a solução é outra: ir às raízes do problema, seja ele psicológico, social ou de qualquer outro tipo. Caso contrário, a esquerda apenas estará apresentando o outro lado de moeda do discurso direitista “bandido bom é bandido morto”. A esquerda precisa entender que todos os crimes são causados pela situação social, inclusive os psicológicos, e que, até mesmo se setores das classes dominantes forem punidos (como o bilionário Jeffrey Epstein), isso faz parte apenas de um processo político.

Não se pode cair na campanha da extrema-direita de que quem é contra o aumento de penas para pedófilos defende a pedofilia, ou que quem é contra o aumento de penas para estupradores é a favor dos estupros. Até porque os fascistas - como bem lembra o filme “Salò ou 120 dias de Sodoma”, do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini - apesar de se apresentarem como defensores da moral mais pura, são geralmente os piores tipos da sociedade, uma verdadeira escória.

A esquerda não pode defender o punitivismo da direita, que quer apenas jogar mais pessoas nas prisões - que além de estarem superlotadas, comporta vários inocentes.

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