Os tigrões que viraram tchutchucas

Lula saiu como entrou no prédio da PF, de cabeça erguida. Já Anderson Torres...

(Foto: Abr)


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Qual o sentido de alguém se formar em direito, fazer uma carreira jurídica de sucesso, ser nomeado ministro da corte mais alta do país e votar contra a decisão de tornar réus 50 dos 100 denunciados por participarem dos ataques terroristas aos prédios dos Três Poderes da República, em 8 de janeiro? Os investigados, ou aparecem em imagens depredando o patrimônio público, ou incitando os atos terroristas. São militantes do caos, que defendem e se empenham para um golpe de estado.

Mas os ministros André Mendonça”, o “terrivelmente evangélico”, e Kassio Nunes Marques, “que sabe o que fazer", segundo o presidente que os indicou, foram os únicos que divergiram dos demais 8 ministros do STF. Os votos deles demonstram que continuam alinhados ao chefe e representam "os 20% de Bolsonaro" naquela Corte.

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Outro da área jurídica bolsonarista que ainda se mantem fiel ao ex-chefe, é Anderson Torres. Ao que parece, não por muito tempo. O ex-ministro da Justiça de Bolsonaro está há mais de100 dias preso no 4º Batalhão da Polícia Militar, em Brasília. Ele deveria ter deposto na PF dia 24/04 sobre a operação da Polícia Rodoviária Federal, no segundo turno das eleições de 2022. Mas seus advogados pediram o adiamento, alegando que “o estado emocional e cognitivo do requerente, que já era periclitante, sofreu uma drástica piora”. Dizem que Torres emagreceu 10 quilos e está deprimido. Encarcerado, o destemido delegado de polícia que fez parte da elite dos machos alfa do bolsonarismo, entregou os pontos e tem se mostrado frágil. Impossível não comparar a atitude dele com a do candidato que tentou prejudicar na operação para impedir votos dos eleitores lulistas, no segundo-turno. Lula aguentou firme por 580 dias uma prisão injusta. Não se vergou um minuto sequer, não aceitou acordos jurídicos para sair da prisão. Não chorou, não se desesperou. Não foram dias fáceis para um homem políticamente ativo, que tanto fez pelo Brasil, que se viu alijado do debate público, silenciado e encarcerado injustamente, acompanhando o desmonte do país, em todas as suas esferas. Lula saiu como entrou no prédio da PF, de cabeça erguida. Já Anderson Torres, com apenas 90 dias de prisão, apresenta, segundo Eduardo Bolsonaro, quadro de depressão e tem considerado cometer suicídio. 

Talvez porque só agora Torres se deu conta de que o chefe dele blefou quando, aos berros, afirmou num comício de Sete de Setembro que a paciência tinha acabado e que não iria mais acatar nenhuma decisão de Alexandre de Morais.  Como o tempo é o senhor da razão, Bolsonaro colocou o rabo entre as pernas e vem obedecendo todas as determinações do desafeto dele. 

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Fora do poder, não fala mais grosso. Hoje, em depoimento à Polícia Federal, o “Mito” da extrema direita justificou vídeo postado em que repetia a ladainha golpista, com a desculpa de que publicou o vídeo sob efeito de medicamentos. A tese de defesa do indefensável: "foi mal, tava doidão".

Essa postura covarde me fez lembrar de uma fala do Deputado Zeca Dirceu. Me refiro àqueles que exibem seu rugido, mas na hora do confronto, se acovardam. Os tigrões que viram tchutchucas.

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