Os salários nababescos dos trabalhadores brasileiros
O sociólogo Marcelo Zero rebate informações de relatório do Banco Mundial que aponta que "salários mínimos elevados e obrigatórios elevam os custos dos trabalhadores menos qualificados", incentivando a informalidade; ele aponta que, ao contrário do que diz o documento, "no Brasil dos governos do PT, o salário mínimo cresceu 77%, em termos reais, mas, mesmo assim, foram gerados 22 milhões de empregos formais e a formalização do mercado de trabalho cresceu apenas de 45,7%, em 2003, para 57,7%, em 2014"; para ele, "quando se faz uma comparação internacional, dizer que o salário mínimo no Brasil está muito elevado é um disparate completo"; "Salários nababescos recebem os economistas do Banco Mundial para escrever disparates como esse", dispara
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Segundo o Banco Mundial, em seu Relatório Emprego e Crescimento-A Agenda da Produtividade ,"salários mínimos elevados e obrigatórios elevam os custos dos trabalhadores menos qualificados, incentivando a substituição do trabalho por tecnologias que economizam mão-de-obra ou empurrando os trabalhadores para a informalidade".
Pois bem, no Brasil dos governos do PT, o salário mínimo cresceu 77%, em termos reais, mas, mesmo assim, foram gerados 22 milhões de empregos formais e a formalização do mercado de trabalho cresceu de apenas de 45,7%, em 2003, para 57,7%, em 2014.
O próprio Banco Mundial reconhece isso ao afirmar que "vale notar que durante a recente fase de rápida criação de empregos no Brasil, o aumento real do salário mínimo foi acompanhado do aumento na formalização. Por isso, algumas pessoas descartam a possibilidade de que o salário mínimo elevado possa incentivar a informalidade".
No entanto, continua o texto do Banco, "desde a recessão de 2015-16, a geração de empregos tem sido, predominantemente, informal. O rápido crescimento da demanda por trabalhadores de baixa qualificação na década de 2000 pode não se repetir, visto que as fontes de crescimento estão se afastando dos bens non-tradables e de consumo. Talvez seja o caso, portanto, de rever as políticas de salário mínimo".
Ora, como o próprio Banco Mundial reconhece, a geração de ocupações informais no recente período está associada à recessão, não ao salário mínimo elevado ou à legislação trabalhista supostamente rígida. Em recessões, o desemprego aumenta e a informalidade também. Foi o que aconteceu em todos os processos recessivos do Brasil.
Dizer que o salário mínimo no Brasil está muito elevado é um disparate completo. Mesmo com o aumento recente, que agora o governo golpista quer reverter, nosso salário mínimo real continua muito baixo, na comparação internacional.
No gráfico acima, observam-se valores do salário mínimos reais medidos em dólares norte-americanos, pelo critério de Paridade de Poder de Compra (PPP), que leva em consideração o custo de vida de cada país. Como se vê, o Brasil está em antepenúltimo lugar entre os países selecionados. Frise-se que, mesmo com o aumento recente promovido pelos governos progressistas, o salário mínimo brasileiro continua bem abaixo de outros países da América do Sul, como Colômbia e Chile. Isso sem falar nos salários dos países mais desenvolvidos.
O salário mínimo brasileiro continua baixo. Os trabalhadores brasileiros não têm culpa nenhuma da recessão atual, provocada por políticas de austeridade inteiramente equivocadas e que são apoiadas pelo Banco Mundial.
Salários nababescos recebem os economistas do Banco Mundial para escrever disparates como esse.
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