Os riscos de um Congresso 'bagaceira'

Na análise do colunista Alex Solnik, que também é membro dos "Jornalistas pela Democracia", o Congresso atual  encontra-se uma 'bagaceira'; "Os Tiriricas se multiplicam e os Ulysses Guimarães desapareceram", lamenta; "Nos primeiros dias, nos primeiros meses, vamos rir deles, vamos debochar, não vamos levar a sério" diz Solnik, "mas, aos poucos, a população pode chegar a outras conclusões", aponta 

Os riscos de um Congresso 'bagaceira'
Os riscos de um Congresso 'bagaceira'


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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia - À primeira vista, dá vontade de rir. É muito engraçado. Uma deputada do PSL avisa que "o PT não vai ter vida fácil nessa casa", como se o PT ainda estivesse no poder. Não adianta mais atacar o PT. A campanha acabou. Agora, ela é que vai ter que defender o seu governo mequetrefe dos ataques do PT. Estilingue virou vidraça e vice-versa.

A prioridade de outro bolsonarista é impedir que a palavra "bíblia" seja usada em outros livros. Quer proibir "Bíblia do Dinheiro", "Bíblia do Acarajé", "Bíblia do Futebol Brasileiro", etc etc.

O terceiro, o mais jovem de todos, em seu primeiro e emocionado discurso informa que o pai lhe deixou uma gravata de herança.

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A deputada inimiga do PT apresenta seu primeiro projeto de impacto: a abolição do "Vossa Excelência" na Câmara:

"Vossa Excelência é o povo" afirma a marinheira de primeira viagem.

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Novatos tentam se impor como veteranos. Querem ditar regras. São devotos do WhatsApp, do twitter, do Facebook. Fazem tudo o que as redes sociais mandarem. Disputam o microfone como calouros do Programa Silvio Santos. Correm em desabalada carreira para protocolar o primeiro projeto da legislatura. Transformam a Câmara num parque de diversões onde rola uma gincana.

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Há motes excelentes para piadas. Em lugar de "Vossa Excelência" por que os deputados não se chamam de "ô, meu"? Ou então, "mano"? Por que não oficializar o "psit"?

Somando essas cenas às dos senadores de sexta e sábado, o quadro está formado. É um Congresso "bagaceira", diria o ator Paulo César Péreio. Os Tiriricas se multiplicaram. Os Ulysses Guimarães desapareceram.

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Alguém poderá dizer: pelo menos não vai faltar diversão. Vamos ter muito do que rir. Rir é o melhor remédio. Ri melhor quem ri por último.

O problema é que o baixo clero virou maioria no Congresso e isso é um risco para a democracia. Por dois motivos.

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O primeiro é que os devotos do Facebook vão servir a um governo autoritário cujo projeto é solapar todos os direitos – individuais, sociais e econômicos. Não vão tergiversar em aprovar medidas típicas de estados policiais, como o Projeto Torquemada de Sérgio Moro e outros assemelhados. Vão aplaudir todo e qualquer obscurantismo.

O segundo perigo é o seguinte.

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Nos primeiros dias, nos primeiros meses, vamos rir deles, vamos debochar, não vamos levar a sério. Vamos dizer "que absurdo". "Não é possível". "Não pode ser".

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Mas, aos poucos, a população pode chegar a outras conclusões. "São ignorantes". "Estúpidos". "Inúteis". "Melhor seria não haver Congresso, a ser assim". "Para que jogar tantos bilhões no lixo"?

Melhor um Congresso "bagaceira" que Congresso nenhum.

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