Os primeiros sinais das urnas

Para o colunista Leopoldo Vieira, "a sociedade tem pressa e indica que será implacável com quem não for fiel aos compromissos assumidos" nesta eleição; "A vitória de João Doria no primeiro turno em São Paulo, do PSDB nas mais importantes cidades do Estado, a conquista dos principais municípios com mais de 200 mil eleitores e o alcance de 793 (+98 em relação a 2012) não autorizam o partido a encampar a agenda neoliberal e nem o governo federal a enxergar que tal performance lacra o rumo da gestão neste sentido. E, embora Alckmin tenha sido o grande vencedor interno, isto não produz automaticamente sua candidatura presidencial em 2018", analisa; para ele, "a piora dos indicadores sociais - bem mais do que as repercussões da Lava Jato, explicam a fragorosa derrota do PT"

Para o colunista Leopoldo Vieira, "a sociedade tem pressa e indica que será implacável com quem não for fiel aos compromissos assumidos" nesta eleição; "A vitória de João Doria no primeiro turno em São Paulo, do PSDB nas mais importantes cidades do Estado, a conquista dos principais municípios com mais de 200 mil eleitores e o alcance de 793 (+98 em relação a 2012) não autorizam o partido a encampar a agenda neoliberal e nem o governo federal a enxergar que tal performance lacra o rumo da gestão neste sentido. E, embora Alckmin tenha sido o grande vencedor interno, isto não produz automaticamente sua candidatura presidencial em 2018", analisa; para ele, "a piora dos indicadores sociais - bem mais do que as repercussões da Lava Jato, explicam a fragorosa derrota do PT"
Para o colunista Leopoldo Vieira, "a sociedade tem pressa e indica que será implacável com quem não for fiel aos compromissos assumidos" nesta eleição; "A vitória de João Doria no primeiro turno em São Paulo, do PSDB nas mais importantes cidades do Estado, a conquista dos principais municípios com mais de 200 mil eleitores e o alcance de 793 (+98 em relação a 2012) não autorizam o partido a encampar a agenda neoliberal e nem o governo federal a enxergar que tal performance lacra o rumo da gestão neste sentido. E, embora Alckmin tenha sido o grande vencedor interno, isto não produz automaticamente sua candidatura presidencial em 2018", analisa; para ele, "a piora dos indicadores sociais - bem mais do que as repercussões da Lava Jato, explicam a fragorosa derrota do PT" (Foto: Leopoldo Vieira)


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Nos debates de véspera do primeiro turno, a tônica foi o expansionismo fiscal: ampliar a cobertura de educação e saúde, gerar empregos, aumentar o crédito, equipar as forças de segurança pública e concluir obras foram promessas universais.

Sintomas da crise econômica, cujo maior símbolo é o desemprego de dois dígitos a 12%.

Como diz o governador do Pará, Simão Jatene, nenhum partido empunha a bandeira da pobreza.

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Mas a sociedade tem pressa e indica que será implacável com quem não for fiel aos compromissos assumidos nesta direção.

Por esta razão, o presidente Michel Temer tem que ter noção de que o governo terá muita dificuldade em obter a aprovação popular para as ditas medidas impopulares, como Reforma da Previdência, Trabalhista ou o teto de gastos.

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Os vencedores de ontem podem ser os grandes perdedores de 2018. É preciso cuidado ao interpretar o resultado só pela nuance das siglas vitoriosas e derrotadas.

A vitória de João Doria no primeiro turno em São Paulo, do PSDB nas mais importantes cidades de São Paulo, a conquista dos principais municípios com mais de 200 mil eleitores, que concentram quase 38% da população do país; e o alcance de 793 (+98 em relação a 2012) não autorizam o partido a encampar a agenda neoliberal e nem o governo federal a enxergar que tal performance lacra o rumo da gestão neste sentido.

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E, embora Alckmin tenha sido o grande vencedor interno, isto não produz automaticamente sua candidatura presidencial em 2018. Outrossim, agrava a cena de disputa com Aécio Neves e José Serra, já que põe em evidência este plano. O governador de SP não é dono do mapa eleitoral tucano, ainda que controle o principal estado e cidade do País.

Temer, de um lado, sofrerá um aumento da pressão para implementar a agenda do PSDB, assim como prestar contas a Geraldo Alckmin, que deve fazer isso discretamente, deixando a Aécio e Serra o ônus de aparecerem exigindo medidas impopulares de Brasília. Contudo, o presidente poderá administrar os três atores e seus interesses para 2018 para reduzir esta pressão, assim como utilizar a fraqueza que emergiu do PT para não sucumbir a inocente útil do PSDB.

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A seu favor tem que o PMDB conquistou mais de mil prefeituras (1.028), mantendo a marca de partido municipalista mais potente, crescendo 7 cidades, e terá o maior número de cabos eleitorais nas eleições para governador, senador, deputado e presidente da República. Mais relevante do que não ter ido ao segundo turno no Rio de Janeiro, foi a ida ao segundo turno (contra o PSDB) em Porto Alegre, quando muitos diziam que a gestão do governador Ivo Sartori era um caos.

De pronto, esta base (somada a prefeitura médias e pequenas de outros partidos) bancará as decisões do Planalto e da maior força do Senado e da Câmara que significarem o oposto de desidratar recursos, justamente, das prefeituras, hoje dominados por repasses de políticas sociais, previdenciários, poder de compra do Salário Mínimo e obras federais.

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Dizer que o peemebismo não cresceu e que isso foi efeito colateral do Impeachment ou da reprovação circunstancial do governo de Michel Temer é miopia. É desejo inútil para a análise política.

Tão grande quanto dos que acharam que a ex-presidenta Dilma seria boa cabo eleitoral, ainda mais no Sul, onde flamejavam as grandes manifestações e rejeição ao seu governo.

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É fato que candidatos a prefeito que penduraram no pescoço despencaram ou estagnaram. Explicitamente Jandira, no Rio; Raul Pont, em Porto Alegre; e Alice Portugal, em Salvador.

Três cidades onde vários acreditavam ser os pólos de resistência ao Impeachment.

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Pesquisas da Vox Populi, Ibope e Datafolha convergiram, antes da cassação definitiva do mandato de Dilma, que apenas 30% da sociedade apoiavam seu retorno à presidência. E ela não é perdoada pelo alto índice de desemprego.

Isso - a piora dos indicadores sociais - bem mais do que as repercussões da Lava Jato, explicam a fragorosa derrota do PT, pois ela não ficou restrita aos grandes centros urbanos.

O partido perdeu nada mais do que 382 prefeituras, recolhendo-se a 256 cidades governadas, digno de uma legenda pequena. Quem bradava por uma volta às origens ou aos anos 80 pode comemorar.

Até no ABC foi varrido e as viagens do ex-presidente Lula ao Nordeste foram ineficazes para alavancar candidatos do PT que disputavam as capitais do maior reduto petista e lulista no Brasil.

Sem força política relevante e com o evidente rechaço à figura de Dilma, com o indubitável êxito do PSDB e preservação do calibre do PMDB, o PT terá também que refletir até onde levará o discurso do golpe e a oposição radical ao governo Temer. E até onde vai privilegiar o diálogo com a classe média de esquerda, radicalizada, em detrimento dos mais pobres e trabalhadores, sua fonte da juventude.

Estes dados também revelam que se engana redondamente quem crê que a sociedade escolheu que o PT faça oposição. A sociedade puniu o petismo por ter entregado crise social quando prometeu proteger empregos e salários em 2014, e está sedenta por soluções imediatas para as questões sociais, o que só será possível com a pacificação política do País.

Ter entregado desemprego já deu no que deu. Ser parte do problema (e não da solução) para a retomada do crescimento e dos empregos é a verdadeira tendência suicida que pode adotar.

Agora, do ponto de vista interno, o PT terá que fazer um balanço sério da postura de seu último governo federal em não atuar para impedir que a Lava Jato se consolidasse como uma ação política clara contra o partido. De seus efeitos mais evidentes foi ser parte da causa da recessão econômica e a dinamitação da imagem de Lula até no Nordeste.

Por outro lado, por isso mesmo, esta derrota flagrante do PT não é o fim do mundo e pedidos por autocrítica devem ser muito bem analisados. Trata-se de um ciclo costumaz em democracia. Ora, ascenso, ora descenso, como a social-democracia está habituada há décadas na Europa. Cabe aproveitar as oportunidades que se abrem no aparente cenário de apocalipse.

Frente de esquerda é o caminho do auto-isolamento e nem as alianças municipais que o PT fez persuadem neste horizonte.

O PT tem sim é a oportunidade de ser o defensor do social, como fora nos anos 90, e até explorar a sanha do PSDB por neoliberalismo e a contradição disso com o recado das urnas, mas só aparecerá se conseguir jogar com as resistências do PMDB em assumir a agenda de seus parceiros de governo. Isso implica diálogo com Temer e construir, paulatinamente, novas convergências de centro-esquerda nos municípios, no parlamento e na sociedade.

Do contrário, pode nem chegar em 2018, pois o PSDB, com este resultado eleitoral, poderá, pelo menos nos centros urbanos, intensificar a campanha pela caçada aos petistas no âmbito Judicial.

Haddad derrotado no primeiro turno, apesar de sua gestão liberal left, aplaudida nas metrópoles do Ocidente, é carta fora do baralho para 2018 e, mais ainda, para conduzir o partido.

Não consolidou uma referência política nacional e suposta injustiça eleitoral pode acalentar militantes, mas não é alternativa de poder para a sociedade.

Todavia, a eleição de Eduardo Suplicy como o vereador mais votado em todo o país, expandindo sua imagem política de integridade, defensor dos direitos humanos e das causas progressistas sociais o habilita, se o partido quiser, para alguma função de destaque no próximo período.

Não é de mais dizer que Suplicy se tornou uma espécie de Bernie Sanders à brasileira.

Por fim, casando o resultado deste domingo com até o acordo de paz ter sido rejeitado por 50,23% a 49,76% na Colômbia, brota a analogia fácil com uma onda conservadora.

Embora a vitória do PSDB ajude a inteligência a descansar, o que as urnas pediram - expansionismo fiscal: ampliar a cobertura de educação e saúde, gerar empregos, aumentar o crédito, equipar as forças de segurança pública e concluir obras - não balizam esta visão.

Há fôlego para a centro-esquerda, basta não cair em esparrelas esquerdistas ou bravatas do liberalismo conservador.

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