Os poucos e os outros
As idiotices vêm da elite do atraso, mas também, e cada vez mais, dos quadros do atual governo
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Entre as narrativas, discursos e notícias que dominaram a semana, algumas parecem nem ser notícias, mas “pegadinhas” de sites de humor. Uma delas dizia: “FHC, Temer e Sarney se unem para tentar lançar “terceira via” em 2022”. Automaticamente, a manchete me fez lembrar uma matéria antiga da The Economist, do dia 05 de fevereiro de 2009, intitulada “Where dinossaurs still roam – A victory of semi-feudalism” que, mesmo tendo sido publicada há 12 anos ainda se mantém atual, pois diz muito sobre nosso semifeudalismo. Ainda vagam por aqui os mesmos “dinossauros” responsáveis por muito do atraso ao qual esse país foi submetido.
Das contribuições “geniais” da semana, não se pode desconsiderar o que disse um economista do Banco Santander em comunicado enviado a clientes e operadores financeiros: “Em suma, ninguém apoiará um golpe em favor de Bolsonaro, mas é possível especular sobre um golpe para evitar o retorno de Lula. Ele era inelegível até outro dia, por exemplo. Pode voltar a sê-lo”. Veja aqui a declaração completa.
Empresários da Natura, Ultra-Ipiranga e Fiesp, por sua vez, propuseram em artigo publicado no Estadão que haja uma mobilização contra a volta de Lula. O que a “massa cheirosa” criadora do pato amarelo não diz é que qualquer mobilização contra Lula é, na verdade, uma mobilização contra a maioria do povo brasileiro. O mesmo povo que foi empurrado para a miséria e está na fila do osso, enquanto banqueiros e empresários não conseguem mais nem contar o tanto de dinheiro que possuem.
Não precisa ser muito inteligente para perceber que tanto o comunicado do Santander como dos referidos empresários atenta contra o Estado Democrático de Direito, quando fala em golpe e diz, claramente, que é preciso intervir no processo eleitoral para que Lula não seja eleito em 2022. Trata-se da série de terror lançada em 2018, cujo resultado são mais de 600 mil mortos. Pelo visto, os roteiristas e patrocinadores já tramam uma segunda temporada.
As idiotices vêm da elite do atraso, mas também, e cada vez mais, dos quadros do atual governo. Durante a semana, brilhou (contém ironia) a estrela do Ministro da Educação, que em entrevista à TV Brasil, defendeu que as “vedetes” (atentem para o termo) do futuro sejam os institutos federais, capazes de formar técnicos. Disse ainda que a "universidade deveria, na verdade, ser para poucos...”. Quem seriam esses “poucos” o ministro não disse, mas sabemos quem são.
Na concepção de universidade do Ministro Ribeiro não cabe, por exemplo, André Ramon, filho de faxineira, aprovado para cursar medicina na Universidade Federal do Acre – Ufac, pois a depender dessa visão elitista de universidade, André Ramon não deveria ter investido sete anos da sua vida, estudando para ser médico. Teria feito um curso técnico de informática e estaria “feliz” da vida.
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