Os oito odiados
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A primeira coisa que pensei ao ver a foto estampada na Folha de hoje com os oito procuradores da Lava Jato perfilados e o procurador-chefe no centro foi: é o cartaz dos Oito Odiados! Embora eles sejam nove cabem perfeitamente nesse Quentin Tarantino. Mas, vem cá: eles são procuradores ou atores?
Chama atenção a simetria da foto: o chefe no centro e quatro homens de cada lado. Eles olham fixamente para a câmera, ou seja, na nossa direção, com olhares desafiadores, como se fossem os paladinos da Justiça, como se estivessem num filme de ação ou numa comédia da Broadway, nunca em dependências da Justiça brasileira.
A foto fala muita coisa a respeito da Lava Jato, que já se transformou num espetáculo, com enredo encenado no palco, mas também nos bastidores. E até em marchinha de carnaval, como não podia deixar de ser. Talvez seja a hora de dar um basta a essa pantomima e encarar o processo com a seriedade e o sigilo necessários que só devem ser quebrados quando ele chegar ao fim, com as condenações provadas ou absolvições.
Não há como explicar que homens que estão lidando com os mais delicados segredos da República procurem os holofotes em vez de se refugiarem em obsequioso anonimato.
A sua tarefa, que encerra uma responsabilidade profunda, pois de seu bom desempenho dependem os rumos do governo e até do país deveria ser desempenhada na sombra, seus rostos jamais deveriam se tornar conhecidos, se não por outro motivo por risco de represálias.
Há algo estranho num processo que transcende o âmbito da Justiça para se transformar em espetáculo. Nem sempre é o clima ideal para se fazer justiça.
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