Os novos democratas

Saques de vultosas quantias são feitos por quem mal consegue pagar as próprias contas. O tempo passa, o tempo voa, mas o modus operandi continua praticamente o mesmo, numa boa

(Foto: Mario Roberto Duran Ortiz)


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Há notícias sobre malas de dinheiro que vão e vêm. Saques de vultosas quantias são feitos por quem mal consegue pagar as próprias contas. O tempo passa, o tempo voa, mas o modus operandi continua praticamente o mesmo, numa boa. Dizem à boca pequena que lavar dinheiro comprando imóveis é o que há, pois fica mais difícil seguir o dinheiro. Contudo, como tem chamado muita atenção investir em mansões com pagamentos à vista, eis que as negociações já começam a ser feitas em criptomoedas. As malas continuarão a circular, é claro, mas agora no universo virtual.  O que diriam nossos democratas sobre isso, não sei.

Falando nisso, nos tem chamado atenção que o número de pessoas que vem se assumindo como democrata parece crescer de forma exponencial. Em tese, isso é uma coisa maravilhosa, uma vez que ser democrata é adotar e defender uma concepção democrática de governo, ou seja, ser partidário da democracia. Assim, num país de continuadas práticas preconceituosas, violentas e excludentes, o aumento no número daqueles e daquelas que se autodenominam democratas é algo para a igreja louvar de pé. Só que não!

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Entre inúmeros que têm arvorado para si o título de democrata, estão muitos que até ontem defendiam abertamente práticas medievais e inquisitoriais de tortura para, por exemplo, jovens pobres e pretos que fossem pegos roubando algo para comer. Defendiam que tais pessoas deveriam ser amarradas aos postes e açoitadas até aprender a não roubar mais nada de ninguém. Por outro lado, esse mesmo tipo de gente nunca defendeu coisa parecida para os patrões ricos, apoiadores de ditadores sanguinários e governos corruptos. Ao contrário, sorrindo, quando não ridicularizava, aceitava ser ridicularizada em cadeia nacional de televisão.

Os “novos democratas” nada têm de novo, muito menos de democratas. São, na verdade, as mesmas figurinhas carimbadas, que contribuíram com seus rostos, vozes e espaços nas rádios e tevês para minar a democracia brasileira, empurrando o Brasil para a situação de caos em que se encontra. Para tanto, foram muito bem pagos pelo serviço sujo que presta(ra)m. Há tanto sangue nas suas mãos, que água nenhuma consegue limpar. E agora tentam ressurgir como “democratas”, mas todos sabem o que fizeram no verão passado. 

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Verdadeiros democratas, em momento algum se aliam àqueles que atentam contra a própria nação, o próprio povo. Democratas não comemoram o caos, a miséria, o negacionismo, a iniquidade; pois ser democrata não consiste apenas em estampar um adesivo na testa, na tentativa vã de ressignificar o irressignificável. Os escorpiões, digo, os “novos democratas” continuarão a ferroar o Brasil de morte, pois esta é sua natureza, e não desejam fazer nada para evitar, pois assim o são na sua índole. Dia sete de setembro vem aí, quando às ruas sairão velhos, novos e novíssimos... “democratas”. Atravessarão eles o Rubicão? Aguardemos. 

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