Os múltiplos tubarões de Luiz Gê
Em "Fronteira Híbrida", Luiz Gê discute as fronteiras da música e dos quadrinhos para ampliar as reflexões sobre o país, diz Paulo Moreira Leite

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Com o mesmo traço agressivo e direto que lhe permitiu desenhar "Macambúzios e Sorumbáticos", livro classificado pelo crítico Antonio Gonçalves Filho como o "mais triste" dos últimos anos da década de 1970, Luiz Geraldo Ferrreira Martins, o Luiz Gê, está lançando seu mais recente trabalho.
O livro é "Fronteira Híbrida -- Relações Improváveis entre Música e Quadrinhos". A obra, um puro Luiz Gê, reúne cenas e personagens que permitem uma reflexão impiedosa dos tempos que correm.
Surgem personagens de um universo com referências de um tempo histórico preciso, dos anos finais do regime militar às incertezas permanentes da democratização em eterno curso.
Entre eles, um certo "Presidente Reis, que fechou o Congresso apenas duas vezes".
Com imagens caprichadas e diálogos de alta sensibilidade poética no interior de balões típicos de histórias em quadrinhos, o "Homem dos Crocodilos", ópera de Arrigo Barnabé, com historieta do próprio Luiz Gê, é um capítulo que deixa o leitor deslumbrado ao longo de várias páginas.
Não faltam desenhos de aviões de guerra, talento que Gê começou a desenvolver na infância -- e que iria aperfeiçoar em Londres, onde fez pós-graduação no Royal College of Art.
O local do lançamento de "Fronteira Híbrida" é a loja Ugra -- Quadrinhos & Contracultura, situada num ponto estratégico da memória desses e de outros tempos.
Fica na Galeria Ouro Velho, a poucos quarteirões daquela quadra onde funcionava o lendário colégio Equipe, do lado direito de quem sobe a rua Augusta, e, do outro, o lendário "Spazio Pirandello", endereço de massas, bebidas a preço acessível e animadas rodas de conversa que atravessavam a madrugada, meio século atrás.
"Este livro revela o longo jogo de armar que foram nossos primeiros passos," escreve Arrigo no prefácio.
"Para usar uma expressão de Luiz Gê, coloca luz na nossa história, ilumina com zelo detalhes que poderiam passar desapercebidos", acrescenta o parceiro e amigo de décadas.
Em tempos de estímulo ao esquecimento, a preservação da memória é um passo necessário à formação da consciência.
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