Os jornalistas salvos pela pandemia

"Quase todo mundo virou combatente da pandemia, humanista e sanitarista. Nada como uma peste braba para reenquadrar o jornalismo duas caras", escreve o jornalista Moisés Mendes

Bolsonaro ataca jornalistas.
Bolsonaro ataca jornalistas. (Foto: Reprodução)


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Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia 

Até a semana passada, amontoavam-se os jornalistas dependurados numa gangorra de apoio a Bolsonaro, muitas vezes de forma dissimulada, com uma certa fofura constrangida, mas sem coragem para abandonar o homem.

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O Rio Grande do Sul tem muitos jornalistas fofos bolsonaristas da linha mais gourmet. Sustentaram-se até agora nesse balanço incômodo, fazendo média com o homem, com Sergio Moro, com Onyx (os jornalistas gaúchos adoram Onyx) e com os filhos de Bolsonaro.

Mas Bolsonaro radicalizou demais e muitos saltaram fora. Estão em distanciamento social do fascismo que apoiaram até aqui. Todos os estados têm seus ex-jornalistas bolsonaristas.

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Vão saltando do barco de Bolsonaro como os aliados do meio cultural fizeram muito antes. O mar dos ex-bolsonaristas é morno e acolhedor.

Pois esse tipo de jornalista (gente de opinião, da cozinha das redações, e poucos de campo mesmo), que fazia o jogo de Bolsonaro, só para poder bater em Lula e no PT, foi salvo pela pandemia.

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Sem a ameaça do surto, eles continuariam fazendo jogo duplo e enfrentando constrangimentos. A maioria se apresentava como profissionais sem lado. Mas agora governadores e prefeitos são inimigos de Bolsonaro. Até Caiado virou adversário do homem.

Os jornalistas ficaram numa saia justa. Apoiavam prefeitos e governadores, muitos deles bolsonaristas, e passavam o pano para Bolsonaro, sempre com ‘posições críticas’.

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Chegaram a vacilar, à espera de definições dos seus líderes, e estão agora com os governadores, com os quais têm compromissos regionais. É com eles que devem ficar.

Não são mais nem jornalistas ‘neutros’. Batem em Bolsonaro como a Globo vem batendo. Os jornalistas de direita da Globo são há muito tempo os mais progressistas do Brasil. Alguns são perigosamente esquerdistas.

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Mas que fique claro que os novos dissidentes só largaram o sujeito na carona dos impactos provocados pela doença. O coronavírus salvou essa gente de ter de cortejar Bolsonaro até o fim do governo.

Quase todo mundo virou combatente da pandemia, humanista e sanitarista. Nada como uma peste braba para reenquadrar o jornalismo duas caras.

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