Os fetiches da cultura popular
não há um único nordeste. Há vários nordestes, É preciso ficar atento às estratégias televisivas de querer nos vender como micos de circo mambembe
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A novela "Mar do Sertão" trouxe à baila a questão da identidade cultural nordestina e sua transformação. Como obra picaresca, influenciada pela literatura de cordel ou a cultura popular do nordeste, ela reproduz muitos estereótipos e clichês típicos da construção de um certo imaginário nordestino - a superstição, a religiosidade, o jagunço, o coronelismo, os crimes de honra, a picareta e o picaresco etc. Mas também trouxe o contraponto da mudança, da inovação, da esperança de redenção do povo sofrido do sertão nordestino.
Muitos temas atuais foram trazidos à discussão e o simbolismo do final - todos os personagens mergulhados no açude assina para um outro Nordeste e uma outra cultura é relações de poder e afetividade homo e heterossexual. Não há dúvida de que toda tradição cultural é ambígua. Tem traços conservadores e atrasados e traços progressistas extremamente positivos.
Mas precisamos estar sempre alertas contra a mania da indústria cultural moderna nos representar como curiosidade etnológica ou fósseis culturais disposição da curiosidade de plateias e audiências urbanas, que apreciam o diferente, exótico, o extraordinário, como fetichista de sociedades arcaicas e pré-modernas, no que diz respeito à democracia, o direito das minorias, a gestão republicana, gênero, meio-ambiente, diversidade de gênero e orientação sexual.
Como já se disse, não há um único Nordeste. Há vários nordestes, É preciso ficar atento às estratégias televisivas de querer nos vender como micos de circo mambembe. Temos qualidades e defeitos. Mas nada que não possa ser consertado pela educação, políticas públicas, a justiça e a divulgação de boas práticas, atitudes e comportamento. O que, aliás, a novela procurou chamar a atenção.
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