Os Estados ante os devaneios de Vélez

A forma como agiram, ao infringir até mesmo o direito de privacidade dos pequenos, não é algo apenas grotesco promovido por lunáticos. É a revelação clara de que a cúpula do Planalto é distante das principais demandas nacionais e se envolvem como personagens de fantasias como marxismo cultural, ideologia de gênero e da autoproclamação do Juan Guaidó

Os Estados ante os devaneios de Vélez
Os Estados ante os devaneios de Vélez (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)


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Não será exagero se alguém disser que a equipe de Bolsonaro vive em outra dimensão. No mundo da lua, talvez. Ou no mundo da alucinação, que sabe. É realmente assustador o nível de nonsense seja do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que precisou da coleira do vice Hamilton Mourão, para não colocar o país em guerra (batalha essa que só teria munição para uma hora), seja do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, com o pedido para que as escolas toquem o hino nacional, enquanto leem carta com slogan de campanha do seu líder.

A abertura da carta cretina mantém a sua natureza como se tivesse na campanha do ódio que nos trouxe até aqui: "Brasileiros! Vamos saudar o Brasil dos novos tempos". Os novos tempos (se o comunismo, talvez!) têm cheiro de naftalina, de resgatar costumes do regime dos ditadores militares no Brasil, reverenciados pelo mesmo governo que chama Alfredo Strossner de estadista.

Os novos tempos não se desconectaram do período que, há exatos 50 anos, tirou o direito do brasileiro se manifestar pelo voto e escolher membros do executivo e do legislativo de Estados e municípios, com a Ato Institucional n° 7 do ditador Costa e Silva. Os novos tempos são os velhos tempos dos grilhões.

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Eles estão com os pés naquele tempo e com a cabeça em outro lugar. Vélez Rodríguez acreditou que uma nota iria dobrar todas as escolas do país e fazerem as criancinhas balançarem bandeirinhas de papel em glorificação a Bolsonaro. Neste seu mundo de pele nazista, ainda coagiu as escolas para que filmassem estas crianças e enviassem o filme para o Ministério da Educação.

Claro que este ministro estava fora de si. Os Estados logo reagiram. Pernambuco disse que não iria cumprir nada. Hoje, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), não deixou barato e disse "reafirmar sua defesa intransigente da autonomia e da liberdade didático-pedagógica das escolas e do sistema estadual de ensino. Essa defesa tem como base o Art. 227 da Constituição Federal e os artigos 17 e 100 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)" e que os " Gestores da Rede Estadual não adotará a presente medida, respeitando a legislação nacional e o direito de aprendizagens das crianças e adolescentes".

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As federações sabem que estão lidando com loucos e, assim, os devaneios entram em um ouvido e saem pelo outro. Vélez pediu desculpas parcialmente, mas seu monstrinho continua lá, sem assustar ninguém. Os brasileirinhos não serão forçados a este vexame.

Na falácia da Escola sem Partido, Bolsonaro e Vélez medem as pessoas com as próprias réguas. Não defendem apartidarização na escola, como se isso fosse possível. Defendem Escola sem Partido (dos outros) sem a criticidade, sem a pedagogia da autonomia, como ensino Paulo Freire.

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A forma como agiram, ao infringir até mesmo o direito de privacidade dos pequenos, não é algo apenas grotesco promovido por lunáticos. É a revelação clara de que a cúpula do Planalto é distante das principais demandas nacionais e se envolvem como personagens de fantasias como marxismo cultural, ideologia de gênero e da autoproclamação do Juan Guaidó.

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