Os dez principais motivos do golpe contra Dilma e o sentimento de culpa (ainda sem autocrítica) dos golpistas
"Jamais houve qualquer intenção nobre por trás do afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff. Houve apenas ambição, vilania, torpeza, misoginia e preconceito", diz o jornalista Leonardo Attuch, editor do 247. "E se foi assim, jamais poderia dar certo"
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O artigo deste domingo 24 da jornalista Miriam Leitão, em que ela afirma que o Brasil precisa afastar Jair Bolsonaro para que "o impeachment de Dilma não pareça injusto", prontamente rebatido pela ex-presidente, nos oferece, mais uma vez, a oportunidade de refletir sobre a maior canalhice da história do Brasil, que foi o golpe de 2016, em que um grupo de políticos extremamente corruptos se uniu para afastar uma presidente honesta, a pretexto de "combater a corrupção", numa farsa que uniu meios de comunicação, juízes, promotores, tribunais superiores, parlamentares à venda e militares. O único ponto ausente neste processo foi o interesse nacional. E como não havia qualquer intenção nobre, mas apenas ambição, torpeza, vilania e preconceito, não tinha como dar certo – como, efetivamente, não deu. Jair Bolsonaro, que hoje provoca uma certa vergonha nos golpistas de 2016, é apenas a consequência da trama articulada por nomes como Fernando Henrique Cardoso, Rodrigo Maia, Aécio Neves, José Serra, Michel Temer, Eduardo Cunha, Moreira Franco, Aloysio Nunes e tantos outros integrantes da elite que destruiu o Brasil.
Decidi então listar aqueles que me parecem os dez motivos principais pelos quais a ex-presidente Dilma Rousseff foi golpeada em 2016 (não necessariamente por ordem de importância): (1) para que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o PSDB retomassem o projeto “Petrobrax” de fatiar e vender a Petrobrás aos pedaços, contemplando também as petroleiras internacionais; (2) para fazer cessar a política externa de um Brasil soberano e recolocar o país como quintal dos Estados Unidos; (3) para a bandidagem parlamentar tentar “estancar a sangria” das investigações de Curitiba, como foi profetizado pelo ex-senador Romero Jucá, do MDB; (4) para reduzir salários e aposentadorias tanto no setor público como no setor privado; (5) para desmontar o BNDES e inviabilizar todos os mecanismos de fomento do estado, esvaziando também os bancos públicos; (6) para vender Eletrobrás, Correios e outras estatais, como a BB-DTVM, a tubarões do mercado que ajudaram a financiar o golpe; (7) para saciar a síndrome de abstinência de poder do DEM e do PSDB após quatro derrotas presidenciais para o Partido dos Trabalhadores; (8) para saciar a fome por publicidade estatal da imprensa corporativa, que não aceitava as políticas democratização que vinham sendo executadas pelos governos progressistas; (9) para a classe média saciar seus preconceitos e se distanciar dos ex-pobres que se aproximavam perigosamente nos aeroportos; (10) para Michel Temer, que nunca havia chegado a lugar algum, nem na política nem na poesia, dizer que sua vida vazia fez algum sentido.
Entre os motivos do golpe contra Dilma jamais esteve o “combate à corrupção”, já demonstrado pelas malas de dinheiro da JBS e pela demissão do ex-juiz Sergio Moro por Jair Bolsonaro (para quem com ele se iludiu), nem a responsabilidade fiscal, que piorou muito no governo Temer-Bolsonaro, dois personagens que são parte do mesmo projeto fracassado de "ponte para o futuro". Como nenhum dos dez motivos listados acima tem qualquer relação com crescimento, geração de empregos e desenvolvimento, seus cúmplices e co-autores tentam agora se desvencilhar deste processo que destruiu não apenas a economia nacional como a própria ideia de Brasil. Mas, independentemente do que escrevam, a história lhes será implacável.
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