Os desafios do PT e a resistência ao autoritarismo do governo Bolsonaro
O Partido dos Trabalhadores (PT) iniciou o Processo de Eleições Diretas (PED) para escolha de seus dirigentes em todos os níveis. Trata-se do maior partido político de esquerda do país. Portanto, o evento partidário terá repercussão no ambiente político nacional. Nesse momento, o PT debate o seu futuro e está chamado a realizar também um exame de sua trajetória, apontando as perspectivas políticas para a superação do atual projeto ultraliberal e autoritário do governo Bolsonaro
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esde o golpe contra a presidente Dilma, a vitória da extrema-direita com Jair Bolsonaro (PSL) em 2018, a revelação dos crimes perpetrados pela Operação Lava Jato contra Lula e o PT, segue uma disputa polarizada na sociedade brasileira. É nesse conturbado e radicalizado contexto político que vamos debater os rumos do partido.
O seis meses do governo Bolsonaro mergulharam o país numa devastação social sem precedentes, com aumento do desemprego e do desalento, a precarização do trabalho em larga escala, o fechamento de empresas e a volta da fome. Além disso, o governo da extrema-direita opera o desmonte da rede de proteção social construída nas últimas décadas: O Sistema Único de Saúde, os ataques ao sistema de ensino público universitário e tecnológico, as restrições à concessão do BPC (Benefício de Prestação Continuada) aos mais pobres e o criminoso projeto de Reforma da Previdência, que terá a votação em segundo turno na volta das atividades parlamentares do segundo semestre.
No plano da macroeconomia, o governo Bolsonaro optou por um alinhamento automático à administração de Donald Trump, rompendo com uma política externa multilateral e de fortalecimento de polos econômicos sul-sul e do fortalecimento do BRICS. Com o ultraliberal pinochetista, Paulo Guedes no comando da economia, implementa um selvagem programa de privatizações: esquartejando a Petrobras, o sistema Eletrobras, os Correios, esvaziando o BNDES e ameaçando de privatizar a Caixa Econômica e o Banco do Brasil. Ou seja, um desmanche completo da soberania da nação, com a cumplicidade e a participação das Forças Armadas (FFAA).
No campo político, Bolsonaro persegue o objetivo estratégico de destruir a esquerda e mudar a natureza do regime oriundo da Carta Constitucional de 1988, com a adoção de um modo de governar autoritário, pró-miliciano e bonapartista, buscando criar as condições políticas para a execução de seu programa ultraliberal entreguista e de esmagamento dos direitos da classe trabalhadora. Um regime a favor dos rentistas daqui e de fora e de frações da burguesia ligadas ao comércio exterior e do agronegócio.
E para enfrentar e derrotar a agenda das classes dominantes e do governo Bolsonaro, é necessário um PT unido e armado politicamente com um programa anti-imperialista e democrático-popular. Um programa político que coloque em movimento de resistência ativa os trabalhadores organizados da cidade e do campo, o precariado dos grandes centros urbanos, a juventude pobre e as camadas médias profissionais pauperizadas pela crise.
Um programa sem as ilusões de classe do aliancismo conciliador e sem critérios, que desarmou a militância petista e dos movimentos sociais, o que facilitou a operação golpista da burguesia e do imperialismo contra o governo de Dilma. Alianças, sim! Mas alianças programáticas e de conteúdo democrático-popular. Alianças para reatar nossa conexão com o povo trabalhador.
Neste sentido, o PT precisa de uma direção comprometida com o dia-a-dia da militância, que invista na nucleação de base dos petistas, que conduza as bancadas parlamentares e os mandatos de governadores e prefeitos. Uma direção comprometida com uma renovação profunda de métodos e práticas para revigorar a vida interna, valorizando a militância e ampliando a participação dos filiados nos mecanismos decisórios (inclusive reavaliando o PED).
E como sugere a tese do Diálogo e Ação Petista (DAP) para o 7º Congresso, que acontecerá no final de novembro, “precisamos de uma direção voltada para a luta de classes, que não terceiriza para quaisquer frentes o enfrentamento. Uma direção que, ao contrário, distingue sua responsabilidade nas frentes pontuais com setores sociais diversos por reivindicações concretas, para valorizar uma política mais ampla de frente única pela democracia – com a incontornável exigência de liberdade imediata para Lula -, inseparável da defesa dos direitos sociais do povo trabalhador”.
PT unido e forte para libertar Lula e o Brasil!
*Ativista político e social, militante do PT de Curitiba. Autor do livro “A Política Além da Notícia e Guerra Declarada Contra Lula e o PT“.
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