Os desafios de Temer no Nordeste e o perfil de governos progressistas
A realidade da relação entre o governo interino de Temer e os 9 Estados do Nordeste pressupõe uma natureza política singular e desfavorável ao chefe do Executivo Federal por vários fatores, em especial a natureza do entendimento popular de que a forma de ascensão do presidente está desconforme com as conquistas sociais e econômicas recentes da região
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A realidade da relação entre o governo interino de Temer e os 9 Estados do Nordeste pressupõe uma natureza política singular e desfavorável ao chefe do Executivo Federal por vários fatores, em especial a natureza do entendimento popular de que a forma de ascensão do presidente está desconforme com as conquistas sociais e econômicas recentes da região.
O preconceito e miopia histórica da elite paulistana sintetizam tudo. Erroneamente, pela lógica conceitual de tratar a sociedade nordestina como despolitizada quando, na verdade, é exatamente o contrário por conta do inconsciente político desta gente fazendo, na prática, opção por quem tem lhe oferecido oportunidade de sair da inanição sócio-econômica, longe da esmola e até mesmo do artificio do Bolsa Família.
Não é à toa que o Nordeste vinha crescendo em índices maiores do que o restante do País.
Esta realidade conceitual é tão forte que o setor de inteligência do presidente Temer já captou que não adianta forçar a barra e ir ao Nordeste agora, onde há uma tendência forte pró Dilma, muito mais pró Lula.
Isto ficou perceptível quando ele (Temer) resolveu cancelar viagem de inspeção à Transposição do Rio São Francisco – maior obra hídrica do País e fundamental para alguns estados do Nordeste, exatamente pelo desconforto de ambiência hostil a ele.
A REALIDADE GEOPOLÍTICA DE AGORA
Dos 9 governadores de Estado no Nordeste, cinco são de partidos progressistas – PT (Bahia, Piaui e Ceará), PC do B (Maranhão) e PSB (Paraíba e Pernambuco). A síntese é de que esse agrupamento de líderes está à esquerda, exceto o de Pernambuco, Paulo Câmara, aliado do centro-direito, via PSDB e cia.
Os demais governadores são de centro-direita – PMDB (Sergipe, Alagoas) e PSD (Rio Grande do Norte).
A INFLUÊNCIA DOS ALIADOS DE TEMER
Em todos os Estados, a base partidária ligada ao PMDB, PSDB, DEM, PSB, etc vem buscando criar forças, através de instrumentos de poder federal para influenciar na sucessão municipal de 2016, mas nem de longe o aspecto Temer pode interferir no processo. Impossível.
Como se diz no bairro da Torre, cada caso é um caso e tudo depende da liderança local.
SALVADOR COMO EXEMPLO
A Bahia, Salvador em particular, é um testemunho disso. Lá, a possibilidade de volta do Carlismo ao poder se deve à performance de ACM Neto no particular.
É ele, e somente ele, quem ameaça a hegemonia do PT no solo baiano, lembrando que há três disputas seguidas nos últimos tempos para o governo estadual com vitória petista.
OUTROS CENÁRIOS
Em Pernambuco, por exemplo, o prefeito de Recife, Geraldo Júlio, vai enfrentar um problemão com os efeitos das denúncias e escândalos em torno dos R$ 600 milhões computados num esquema de empresários ligados ao ex-governador Eduardo Campos colocando o PSB numa situação muito ruim.
Lá, a chance é zero de Temer influir. Nesse cenário, ascende o deputado federal Daniel Coelho e o ex-prefeito João Paulo agora tendo Silvio Costa Filho como vice. As chances de vitória da oposição recifense são fortes.
CASO DE JOÃO PESSOA
A influência de Temer na disputa da capital paraibana também é zero. A dados de julho, o prefeito Luciano Cartaxo se mantém na preferência das pesquisas com enfrentamento mais consistente em relação à professora Cida Ramos, em segundo lugar, margeados pelos outros pré-candidatos Wilson Filho, Manoel Junior, Charliton Machado.
As eleições em João Pessoa passam ainda pela participação e influência do governador Ricardo, considerado o eleitor mais influente na Capital, conforme as pesquisas.
Ricardo, para efeito externo, é o melhor quadro do PSB na conjuntura nacional pelo prisma de coerência partidária com os princípios programáticos na história nacional, portanto, vive enfrentamento político com a cúpula nacional e de Pernambuco.
SÍNTESE
O contexto desfavorável a Temer no Nordeste diz respeito à existência de um novo conceito de relação dos Nordestinos com as politicas públicas e uma nova safra de governadores progressistas com gestões de resultados reconhecidos pela população desbancando velhas famílias e raposas, por isso a tese de Bolsa Família para explicar a tendência pró governos socialistas nos 9 estados é pífia e inconsistente.
Por estes e outros fatores, há uma tendência comprovada por Lula/Dilma.
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