Os desafios de Temer no Nordeste e o perfil de governos progressistas

A realidade da relação entre o governo interino de Temer e os 9 Estados do Nordeste pressupõe uma natureza política singular e desfavorável ao chefe do Executivo Federal por vários fatores, em especial a natureza do entendimento popular de que a forma de ascensão do presidente está desconforme com as conquistas sociais e econômicas recentes da região

Brasília - DF, 14/07/2016. Presidente em Exercício Michel Temer durante cerimônia de anúncio de nova norma do Programa Minha Casa Minha Vida. Foto: Beto Barata/PR
Brasília - DF, 14/07/2016. Presidente em Exercício Michel Temer durante cerimônia de anúncio de nova norma do Programa Minha Casa Minha Vida. Foto: Beto Barata/PR (Foto: Walter Santos)


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A realidade da relação entre o governo interino de Temer e os 9 Estados do Nordeste pressupõe uma natureza política singular e desfavorável ao chefe do Executivo Federal por vários fatores, em especial a natureza do entendimento popular de que a forma de ascensão do presidente está desconforme com as conquistas sociais e econômicas recentes da região.

O preconceito e miopia histórica da elite paulistana sintetizam tudo. Erroneamente, pela lógica conceitual de tratar a sociedade nordestina como despolitizada quando, na verdade, é exatamente o contrário por conta do inconsciente político desta gente fazendo, na prática, opção por quem tem lhe oferecido oportunidade de sair da inanição sócio-econômica, longe da esmola e até mesmo do artificio do Bolsa Família.

Não é à toa que o Nordeste vinha crescendo em índices maiores do que o restante do País.

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Esta realidade conceitual é tão forte que o setor de inteligência do presidente Temer já captou que não adianta forçar a barra e ir ao Nordeste agora, onde há uma tendência forte pró Dilma, muito mais pró Lula.

Isto ficou perceptível quando ele (Temer) resolveu cancelar viagem de inspeção à Transposição do Rio São Francisco – maior obra hídrica do País e fundamental para alguns estados do Nordeste, exatamente pelo desconforto de ambiência hostil a ele.

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A REALIDADE GEOPOLÍTICA DE AGORA

Dos 9 governadores de Estado no Nordeste, cinco são de partidos progressistas – PT (Bahia, Piaui e Ceará), PC do B (Maranhão) e PSB (Paraíba e Pernambuco). A síntese é de que esse agrupamento de líderes está à esquerda, exceto o de Pernambuco, Paulo Câmara, aliado do centro-direito, via PSDB e cia.

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Os demais governadores são de centro-direita – PMDB (Sergipe, Alagoas) e PSD (Rio Grande do Norte).

A INFLUÊNCIA DOS ALIADOS DE TEMER

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Em todos os Estados, a base partidária ligada ao PMDB, PSDB, DEM, PSB, etc vem buscando criar forças, através de instrumentos de poder federal para influenciar na sucessão municipal de 2016, mas nem de longe o aspecto Temer pode interferir no processo. Impossível.

Como se diz no bairro da Torre, cada caso é um caso e tudo depende da liderança local.

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SALVADOR COMO EXEMPLO

A Bahia, Salvador em particular, é um testemunho disso. Lá, a possibilidade de volta do Carlismo ao poder se deve à performance de ACM Neto no particular.

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É ele, e somente ele, quem ameaça a hegemonia do PT no solo baiano, lembrando que há três disputas seguidas nos últimos tempos para o governo estadual com vitória petista.

OUTROS CENÁRIOS

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Em Pernambuco, por exemplo, o prefeito de Recife, Geraldo Júlio, vai enfrentar um problemão com os efeitos das denúncias e escândalos em torno dos R$ 600 milhões computados num esquema de empresários ligados ao ex-governador Eduardo Campos colocando o PSB numa situação muito ruim.

Lá, a chance é zero de Temer influir. Nesse cenário, ascende o deputado federal Daniel Coelho e o ex-prefeito João Paulo agora tendo Silvio Costa Filho como vice. As chances de vitória da oposição recifense são fortes.

CASO DE JOÃO PESSOA

A influência de Temer na disputa da capital paraibana também é zero. A dados de julho, o prefeito Luciano Cartaxo se mantém na preferência das pesquisas com enfrentamento mais consistente em relação à professora Cida Ramos, em segundo lugar, margeados pelos outros pré-candidatos Wilson Filho, Manoel Junior, Charliton Machado.

As eleições em João Pessoa passam ainda pela participação e influência do governador Ricardo, considerado o eleitor mais influente na Capital, conforme as pesquisas.

Ricardo, para efeito externo, é o melhor quadro do PSB na conjuntura nacional pelo prisma de coerência partidária com os princípios programáticos na história nacional, portanto, vive enfrentamento político com a cúpula nacional e de Pernambuco.

SÍNTESE

O contexto desfavorável a Temer no Nordeste diz respeito à existência de um novo conceito de relação dos Nordestinos com as politicas públicas e uma nova safra de governadores progressistas com gestões de resultados reconhecidos pela população desbancando velhas famílias e raposas, por isso a tese de Bolsa Família para explicar a tendência pró governos socialistas nos 9 estados é pífia e inconsistente.

Por estes e outros fatores, há uma tendência comprovada por Lula/Dilma.

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