Os Catões da república curitibana

A verdade é que não se pode permitir esse esbulho político e constitucional, sem resistência, muita resistência. A propósito, já está marcada uma grande manifestação contra o golpe no dia 31 de março. Data emblemática. Quem for democrata, dê a sua cara para bater, ao contrário daqueles que batem nos outros por pensarem diferente



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A mega empresa de construção civil e incorporações Norberto Odebretch, ora investigada pela Operação Lava-a-Jato, possuía uns departamentos comerciais, chamados de Departamento de Propinas, destinado a corromper agentes públicos e não tão públicos, nos processos de licitação para construção de grandes obras no país. Este setor da empresa elaborou uma planilha com valores, nomes e siglas partidárias que foram beneficiados com a dinheirama distribuídos entre vários agentes e parceiros. A lista, que consta dos anexos apensados ao processo da operação policial, traz o nome de ilustres e conhecidos parlamentares pernambucanos (e de outros Estados), que vêm se destacando como autênticos guardiões da moralidade pública. Quem são esses "Catões da República do Juiz Sergio Moro e da Rede Globo de Televisão?

O deputado/vereador do PPS, Raul Jungmann, o deputado (menudo) Bruno Araújo (PSDB), o deputado verde-amarelo, Daniel Coelho; o paladino do Impeachment de Dilma, o deputado Mendocinha (DEM), o ex-governador de Pernambuco, Jarbas de Andrade Vasconcelos (PMDB), o atual prefeito do Recife (PSB), Geraldo Júlio e o atual governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), entre outros. Questionados sobre a listas, uns calam, outros se omitem e alguns procuram se justificar. Dizem que as doações da Odebrecht são legais e foram declaradas à Justiça Eleitoral. Outros, como o campeão de citação nas delações premiadas, o senador Aécio Neves, só se pronunciaram sobre o assunto, quando a denúncia já estava nas ruas e o colocavam na desconfortável posição de ser acusador e ao mesmo tempo acusado dos mesmos "crimes" cometidos por seus adversários no governo.

Neste, como em outros casos semelhantes, nem sempre os guardiões da virtude cívica são os mais ilibados ou portadores de uma moralidade superior ao comum dos mortais. Curioso é o fato que o senhor Sérgio Moro – que recebe salário de professor, mas não dá aula – já tinha conhecimento dessa lista desde fevereiro deste ano. O que chama a atenção é ter ele permitido a divulgação da planilha e ao mesmo tempo proibido, logo após – alegando que se trata de pessoas com foro privilegiado (STF). O mesmo cuidado não teve o "Catão curitibano" com a autorização e a divulgação dos grampos que gravaram trechos de conversa com ministros e a própria presidente da República, dando a mais ampla e vasta divulgação (e justificando o fato) dessas conversas reservadas.

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O mesmo tratamento desigual foi dado pelas TVs à divulgação da famosa lista dos impolutos e bravos militantes do impeachment. A TV Globo que costuma dedicar edições inteiras a desconstruir a imagem do governo federal, não citou o nome de nenhum deles, só as siglas partidárias. Naturalmente, para não enfraquecer a sua campanha de destituição da presidente da República, a partir de vazamento seletivos (e ilegais) oriundos das delações premiadas, da Operação Lava-a-Jato. É de se perguntar que tribunal é esse que denuncia (sem provas), julga (sem jurisdição) e condena (sem poder de polícia), em que vem se tornando a mídia brasileira. Os danos morais, políticos, financeiros e pessoais provocados por essas acusações públicas (e repetidas até a exaustão pelos apresentadores de televisão) são irreversíveis na opinião pública nacional. E como se sabe, alimentam um ódio irracional na população em relação a tudo que se refira ao PT, a Dilma, a Lula, à cor vermelha, aos partidos de esquerda, aos movimentos sociais etc. Infelizmente esse processo contamina, inclusive, aqueles setores mais beneficiados com as políticas de transferência de renda, do governo federal.

O que fazer diante disso? – Alguns dizem que o golpe já está dado, mas não consumado. Outros, que o processo de impeachment é inevitável, sobretudo com a saída do PMDB da base aliada do governo. A verdade é que não se pode permitir esse esbulho político e constitucional, sem resistência, muita resistência. A propósito, já está marcada uma grande manifestação contra o golpe no dia 31 de março. Data emblemática. Quem for democrata, dê a sua cara para bater, ao contrário daqueles que batem nos outros por pensarem diferente.

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