Os brioches elétricos do Globo

“O festival de deboche da mídia corporativa sobre a pobreza dos brasileiros tem nova cena, agora protagonizada pelo jornal dos Marinho’, escreve Aquiles Lins

(Foto: Reuters | Agência Brasil)


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Por Aquiles Lins 

A imprensa corporativa brasileira diariamente publica evidências de seu afastamento da realidade de pobreza e miséria que atinge o Brasil e de que ela se dirige à pequena parcela privilegiada da população. A disparada nos preços dos combustíveis tornou este comportamento mais explícito. Na última semana, foi a Folha de S. Paulo que saiu nas bancas e nas redes com uma matéria ensinando o brasileiro a economizar na gasolina e no gás de cozinha. Em seguida teve o UOL, que fez reportagem sobre alternativas para subtituir os combustíveis citando chocolate, bacon, esgoto e água do mar. 

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O festival de deboche da mídia corporativa sobre a pobreza dos brasileiros teve nova cena, agora protagonizada pelo jornal O Globo. Nesta segunda-feira (21), o jornal da família Marinho trouxe reportagem sobre como realizar “o sonho do carro elétrico”. Segundo a reportagem, entre os veículos 100% elétricos, o mais barato disponível para a venda no Brasil (JAC EJSI), custa R$ 165 mil. O carro novo com modelo a combustão mais barato do país (Renault Kwid) sai por R$ 59 mil. 

Quantos por cento da população consegue comprar um carro elétrico por R$ 165 mil? Estamos em um país onde metade das pessoas sofrem com algum grau de insegurança alimentar e 19 milhões passam fome. E dos que não estão lutando para se alimentar, quantos dão conta da manutenção deste veículo na ‘conta de luz’? O valor médio cobrado por 100 kilowatt/hora no Brasil é de R$ 14,20 e está vigente até o próximo mês de abril de 2022. 

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Assim como a Folha ensina a economizar gasolina enquanto defende a política de reajuste de preços da Petrobrás, O Globo vende carro elétrico para o 1% mais rico do país enquanto apoia a privatização da Eletrobrás, que entrega a soberania sobre a água e a geração de energia para o setor privado. 

Com seu 'jornalismo profissional' apartado da realidade e voltado para um nicho do país, o Globo lembra a frase atribuída à rainha francesa Maria Antonieta quando o povo não tinha o que comer. “Prezado leitor, você não sabe se vai comer nas próximas 24 horas? Não se preocupe com isso, saiba como realizar o sonho verde do carro elétrico.”

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