Os Brics e o declínio do império
"O sinal de alerta acendeu em Wall Street. A fábrica de dinheiro que garantiu a supremacia dos Estados Unidos está em plena decadência", aponta Florestan
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Esta semana, muito se falou sobre a utilização de uma moeda alternativa ao dólar nas transações econômicas internacionais. O rebuliço que o tema causou aqui e por lá, é sintomático da erosão do domínio norte-americano na geopolítica global. Estaríamos presenciando a queda de um império?
A História da humanidade é toda pontuada pela ascensão e queda de grandes impérios que exerceram sua supremacia sobre os demais povos, expandindo o domínio até a sua derrocada. Um dos mais conhecidos é o Império Romano, que entre os séculos 27 a.C. e 476 d.C., dominou boa parte do mundo conhecido à época, com a expansão territorial e das rotas comerciais, domínio econômico, escravização dos povos conquistados e controle das províncias. A queda do Império Romano se deu a partir das invasões bárbaras.
Existem palavras que se tornaram estereotipadas. Bárbaros eram, sob a ótica da cultura grega, os povos que não compartilhavam do idioma e da cultura grega. Esse termo foi assimilado pelos romanos, que consideravam bárbaros todos os povos estrangeiros. A palavra, portanto, expressava o preconceito e desprezo pelas culturas e saberes diferentes, consideradas primitivas e incivilizadas. Pensamento este característico de culturas dominantes, como vergonhosamente ainda testemunhamos em relação aos saberes dos povos originários e afrodescendentes.
Os bárbaros – não romanos/estrangeiros - foram determinantes para a queda do império romano. O desenrolar dos acontecimentos parece apontar para um evento histórico da maior importância – a derrocada do mais recente império, que estende o seu domínio sobre o ocidente e parte do oriente desde o final da Segunda Guerra Mundial. Nesse contexto histórico, talvez sejamos nós, os membros dos BRICS, os periféricos ao império norte-americano, os novos bárbaros.
As peças se moveram no tabuleiro, os bárbaros do século XXI questionaram a aceitabilidade do poder do império. Nos últimos dias, ao lado do líder chines, Xi Jinping, Putin fechou acordos de cooperação militar, em plena guerra na Ucrania. O francês, Emmanuel Macron, defendeu um mundo multipolar, livre de blocos, com autonomia estratégica da Europa. O presidente Lula foi ainda mais fundo: questionou o dólar como moeda referência no ocidente: ”Por que não podemos fazer nosso comércio lastreado na nossa moeda?”, questionou o líder brasileiro.
Nem é preciso dizer que essas falas caíram como bombas na imprensa estadunidense. O sinal de alerta acendeu em Wall Street. A fábrica de dinheiro que garantiu a supremacia dos Estados Unidos está em plena decadência. Num mundo distópico é difícil prever até mesmo o futuro próximo, mas uma coisa é certa, os novos “bárbaros” não pretendem recuar.
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