Os banqueiros dominados pelo gerentão da Caixa

“O liberalismo brasileiro, que agora cede às pressões do capataz da Caixa, é incapaz até de produzir notinhas quando anuncia que está saltando fora. Porque ainda teme Bolsonaro e os militares e deve favores a Paulo Guedes”, destaca o jornalista Moisés Mendes

(Foto: ABr)


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Por Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia

Só falta agora um manifesto assinado por grileiros e milicianos em defesa da harmonia entre os poderes. Uma declaração pública conjunta que expresse convergência de ideias e interesses e de unidade inabalável num momento difícil.

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O poder de destruição de Bolsonaro desmoralizou até os manifestos. Hoje, uma nota com a ambição de provocar comoções cívicas pode, ao invés de fortalecer os signatários, reforçar o sentimento de desordem em que todos se meteram.

Grileiros, banqueiros, garimpeiros, empresários grandes e pequenos, vendedores de vacinas e de cloroquina, latifundiários, contrabandistas de madeira, assassinos de índios - todos convergiram com Bolsonaro para o cenário que tentam consertar com notinhas.

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A situação é tão esdrúxula que uma nota bloqueada, como essa da Fiesp com os banqueiros, acaba tendo mais repercussão quando vazada do que teria se tivesse sido solenemente divulgada.

Alguém ditou a nota a um estagiário da Fiesp, com a ideia colegial de usar a Praça dos Três Poderes para falar de harmonia e independência. 

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Uma notinha que poderia ter sido escrita numa mesa de bar por cinco bêbados, mas todos mais valentes do que a Fiesp e suas entidades parceiras.

A Fiesp e os banqueiros, calados pelo poder de censura do gerentão da Caixa, deveriam ter chamado dois ex-presidentes do Banco Central, Armínio Fraga e Pérsio Arida, para que escrevessem a nota.

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Fraga e Arida transmitem no que têm dito o sentimento dos liberais de fato constrangidos. Os dois sabem que Bolsonaro não é apenas um aprendiz de déspota, sem condições de ser um déspota completo, é um destruidor do país para muito além das questões econômicas.

Bolsonaro poderia ter sido mais um dos tantos autoritários dedicados a degradar relações humanas, instituições, ciência, produção, emprego, salários e sonhos, mas com um mínimo de racionalidade como gestor público.

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Poderia ter sido uma aberração humana com habilidades e competências. Mas Bolsonaro não é apenas um disseminador de ignorância, ódio e violência, é um incapaz. Isso não aparece nas notinhas da Fiesp e do agronegócio.

Bolsonaro foi sustentado por esse liberalismo arrependido, mas ainda com medo de enfrentar a criatura. É uma debandada tardia. Empresas e mercado financeiro achavam que teriam reformas, privatizações e degradação dos serviços públicos, e assim o liberalismo urbano bacana tornou-se cúmplice de Bolsonaro ao lado do Brasil arcaico.

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Não há, por índole e por intenções expostas e encobertas, quase nada que possa distinguir empresários e grileiros, banqueiros e garimpeiros, nos grupos de apoio a Bolsonaro. Todos carregaram Bolsonaro até aqui, indiferentes ao que ele faz com saúde pública, educação, meio ambiente, empregos, inflação.

O liberalismo brasileiro, que agora cede às pressões do capataz da Caixa, é incapaz até de produzir notinhas quando anuncia que está saltando fora. Porque ainda teme Bolsonaro e os militares e deve favores a Paulo Guedes.

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Os líderes empresariais das notinhas censuradas por ordem de Bolsonaro só se diferem dos grileiros porque os grileiros talvez não se submetessem às pressões do gerentão da Caixa.

Os empresários, o mercado, os grileiros e os milicianos trouxeram Bolsonaro juntos até aqui. O defensor de torturadores, como observa Pérsio Arida, talvez continuasse contando com apoios, se fizesse com competência o que o mercado queria.

Poderia continuar como genocida, se a normalidade da economia compensasse os crimes cometidos pela família, pelos coronéis das facções das vacinas e pelas fábricas de fake news e de manifestações pró-golpe.

Os liberais tentam se desplugar de Bolsonaro porque não dá para perder mais dinheiro. É uma fuga. O gestor dos seus interesses, que estaria sob o controle de Guedes e dos militares, não era o que eles esperavam.

Eles não estão desistindo do homem que deprecia a ciência, a vacina, o bom senso e a convivência entre discordantes. Eles abrem mão de andar junto com o matemático que soma -4 com +5 e conclui que chegou a um 9.

O capitalismo de notinhas estudantis tenta se livrar do gestor Bolsonaro, não do genocida chefe de uma estrutura criminosa. Mas os nossos capitalistas ainda são reféns do gerentão da Caixa.

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