Os arquitetos da destruição
O conjunto de ruídos que nos invadem no cotidiano joga areia nos olhos e nos dificulta a visão para que avaliemos a gravidade dos fatos. Estamos, no entanto, numa curva declinante em todos os sentidos: na economia, com o empobrecimento de parcelas da sociedade e o desemprego acelerado; na indústria, com o fechamento de fábricas
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Todas a guerras deixaram um legado de destruição. A luta contra o nazismo, no século XX, foi das mais atrozes porque selecionou segmentos da população alemã para perseguir e exterminar, como se fossem os males a combater. Não eram. Os males verdadeiros se encontravam no poder, comandando e liderando a população no rastro de uma ideologia que, de fato, não escondeu, desde o início, os seus propósitos, tão aguerrida e impositiva se mostrava. Em determinado instante, numa região que sempre se inclinara no sentido da sensibilidade e da cultura, com artistas extraordinários, a perseguição se consumou em tais dimensões que calou as expressões mais nobres, obrigadas a emigrar ou emudecer. No final, só ficaram escombros...
Nas proporções que nos cabem na política brasileira, na qual a retórica a favor das armas e do ataque aos adversários (vide o massacre no Jacarezinho) lembra o nazismo, a ideologia destrutiva corre, igualmente, o risco de nos deixar transformados em escombros. O conjunto de ruídos que nos invadem no cotidiano joga areia nos olhos e nos dificulta a visão para que avaliemos a gravidade dos fatos. Estamos, no entanto, numa curva declinante em todos os sentidos: na economia, com o empobrecimento de parcelas da sociedade e o desemprego acelerado; na indústria, com o fechamento de fábricas; e na cultura, na qual a ignorância se instalou a partir dos órgãos do Estado. Com a epidemia do Covid-19 e as muitas medidas equivocadas para combatê-la, a vacinação em curso realiza mal o seu trabalho de imunização e continuamos a assistir a uma quantidade de óbitos alarmante.
Nem tudo, entretanto, se associa negativamente no presente. A CPI do Senado, cuidadosa e diligentemente, desvenda aos poucos uma quantidade considerável de informações que põem o governo contra a parede. No meio ambiente, ações da Polícia Federal levaram o Ministro Ricardo Salles à defensiva, depois de suas muitas manifestações a favor dos madeireiros e da devastação na Amazônia. No meio deste conjunto de notícias, as pesquisas de opinião indicam apostas em queda a favor da situação e crescimento do nome do ex-Presidente Lula para uma possível reviravolta no conservadorismo indigente que tomou conta da administração pública. Caso semelhante tendência se confirme, talvez nos livremos de um tipo de liderança que ignora para onde se dirige e que demonstra um gosto perverso pela doença e suas sequelas. Desde já, parece claro que as novidades iniciaram um processo saudável, a julgar pelo livre fluxo das informações. No outro lado, a agressividade, como um tigre de papel, deixou de produzir consequências. Perdeu eficácia e não intimida como antes.
Na Alemanha nazista, a arquitetura da destruição se tornou patente a posteriori, porque, durante o processo, a economia deu a impressão de andar e o povo se somou ao esforço de guerra com boa vontade para morrer. São coisas que o tempo revela com mais intensidade. A ambição de destruir e varrer do mapa os inimigos seduz e encanta, antes que a consciência se erga para dizer não. Para manifestar que a vida pode e deve ser defendida. Arquitetos da destruição sempre existem. O problema se agudiza com a sua chegada ao poder. Sem o devido cuidado, entram na casa das pessoas e as levam. Para onde? Todos sabemos.
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