Orgulho azul
Não. Dignidade não se vende. Liberdade também não se compra. Tenhamos alma nobre e coração azul
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Eu sempre admirei a coragem alheia.
Sempre quis ter coragem.
Tenho medos. Muitos. Alguns bobos, outros profundos, existenciais.
Acho que o vácuo de bravura que cresceu comigo se tornou um combustível para que eu construísse minha própria coragem.
Admiro a coragem de andar no escuro, de matar uma barata, de discordar de muitos, de andar fora da moda, de mudar de emprego, de se apaixonar, de andar de montanha-russa, de mudar de sexo, de subir num palco, de questionar o status quo, de largar tudo e recomeçar, e de revolucionar.
Ainda tenho medos diversos, mas já tenho muitas coragens e tento me cercar de bravos guerreiros e guerreiras pra ter inspiração.
Foi assim que me aproximei da Marília Guimarães. Em 5 minutos de conversa, num evento na Casa de Cultura Laura Alvim no Rio de Janeiro, ouço "Você tem potencial, você é das minhas".
Vindo de quem veio, o comentário se tornou pra mim um Grammy da Sobrevivência. Afinal era ela, aquela que sequestrou um avião no Brasil, levando seus dois filhos pequeninos para sair da clandestinidade e criá-los em liberdade. Marília é um 4 em 1 da minha admiração - mulher, mãezona, empreendedora e, acima de tudo, alguém de muita coragem e ousadia.
Pronto. Daquele momento em diante, eu sabia que eu e aquela ex-guerrilheira de ideias livres e atual empresária, ávida por inovação, íamos fazer algo juntas. Foram muitos cafés e algumas ideias para que, depois de um ano, eu e Marília resolvêssemos apoiar uma causa internacional e trazer pro Rio um singelo coração azul.
Podia ser qualquer coisa. Acho que até mudança de estatuto de condomínio nos motivaria. Mas foi muito mais que isso.
Compramos briga maior.
Afinal, se liberdade foi sempre o seu norteador (e o meu também, apesar de não tão gloriosamente), como podemos deixar que pessoas sejam privadas dela? Não dá pra deixar passar. Homens, mulheres e crianças, privados de sua liberdade e do direto a uma vida digna e cidadã. Muitas vezes sem nem saber que há melhores possibilidades fora do contexto em que vivem.
Não. Dignidade não se vende. Liberdade também não se compra. Tenhamos alma nobre e coração azul. Não sejamos coniventes com o tráfico de pessoas. Educação é a entrada. Ética e respeito são os pratos principais. Na sobremesa, de novo, a coragem de sempre.
Participar da campanha Coração Azul ao lado de Marília Guimarães já é por si só uma honra. Construir com ela o Comitê Carioca, então, é a cereja imponderável do bolo.
Minha admiração é índigo. Meu coração é azul. Minha coragem cresce e aprende com gente como Marília. Um dia eu chego lá.
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