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O que se tornou a operação Lava Jato desenvolveu um modus operandi. Quando não encontra na mídia biombo que lhe esconda as vergonhas, ela chama a atenção da opinião pública sobre Lula. Quando o ex-PGR, Rodrigo Janot, foi pego em gravações feitas pelo empresário Joesley Batista, ele apresentou denúncia fajuta e proibida de ser usada, contra Lula e Dilma

21/10/2017- São Bernardo- SP, Brasil- Lula visita ocupação Povo Sem Medo em São Bernardo Foto: Ricardo Stuckert
21/10/2017- São Bernardo- SP, Brasil- Lula visita ocupação Povo Sem Medo em São Bernardo Foto: Ricardo Stuckert (Foto: Enio Verri)


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A decisão do TRF4 de marcar o julgamento dos recursos do ex-presidente Lula, para o dia 24 de janeiro, é uma cena do plano B do golpe de 2016, diante do fracasso que o ano de 2018 anuncia. Lula foi condenado em primeira instância, sem uma única prova da acusação de propriedade de um tríplex. A celeridade do Judiciário comprometido com o golpe deve-se a alguns fatores. A credibilidade da Operação Lava Jato se esvazia. Tanto pela sua duvidosa contribuição para a economia, quanto pelo seu escancarado uso como instrumento de perseguição política contra um ex-presidente.

Lula não para de crescer nas pesquisas, mas países centro de poder já investiram bilhões na consecução e manutenção do golpe. Uma importante operação de investigação revela-se num meio da elite perseguir o Partido dos Trabalhadores e o ex-presidente. A Força Tarefa deixou-se hipnotizar pelos holofotes da mídia que tem compromisso apenas com o mercado financeiro. Sob a pressão da espetaculosa produção exigida pela volatilidade midiática, as cinematográficas ações redundam, inclusive, em suicídio por destruição criminosa de reputação.

O silêncio do MPF sobre a acusação de Tacla Duran contra Carlos Zucoloto Jr. é a pá de cal sobre a credibilidade das instituições, que não estão em pleno funcionamento. O primeiro advogado acusa o segundo de cobrar-lhe U$ 5 milhões pela anulação de uma multa de U$ 15 milhões. De acordo com as mensagens trocadas entre os dois, Zucoloto pediria a anuência de um membro da Força Tarefa, chamado de "DD". Nas acusações de Durán há muito mais elementos probatórios para se produzir um Power Point consistente que a apresentação do procurador da Força Tarefa, Deltan Dallagnol.

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O que se tornou a operação Lava Jato desenvolveu um modus operandi. Quando não encontra na mídia biombo que lhe esconda as vergonhas, ela chama a atenção da opinião pública sobre Lula. Quando o ex-PGR, Rodrigo Janot, foi pego em gravações feitas pelo empresário Joesley Batista, ele apresentou denúncia fajuta e proibida de ser usada, contra Lula e Dilma. Agora, a Lava Jato está nua e Lula não para de crescer nas pesquisas. É preciso deslegitima-lo, ainda que sem um crime para acusa-lo de autor. O precedente aberto expõe todo cidadão à acusação sem provas.

Detratar e destruir Lula não são tarefas simples. A camarilha tem sérios problemas a enfrentar: a popularidade do ex-presidente, pelo legado deixado aos mais pobres e como líder mundial que é; a impopularidade das medidas impostas pelo ministério de notáveis escravocratas entreguistas, que aprofundam a crise econômica e social do país e a exposição dos órgãos de fiscalização e controle, que estão com seus atos sob a observação crítica da opinião pública. A população passa a perceber que fora feliz durante os 13 anos dos governos do PT.

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Porém, devido a uma despolitização histórica, ela se encontra perplexa, entre a sua vida real e a desinformação propagada por parte da imprensa. Os golpistas apostam nessa ignorância e na inação da população. Bilhões de reais foram escandalosamente usados para comprar apoio parlamentar para aprovar a EC 95, inocentar Temer e privilegiar médias e grandes empresas e latifundiários. Sem um único esboço de reação popular, enquanto educação, saúde, pesquisa, agricultura familiar sofrem cortes de orçamento.

Apesar de sentir no dia a dia os efeitos das medidas, a população não sabe muito bem como agir. A maior parte, gente ocupada demais em conseguir alguma alimentação, sem tempo e nem condições emocionais para se organizar politicamente. Entre 2004 e 2014, cerca de 30 milhões de brasileiros saíram da pobreza. Em 2016, 3,6 milhões voltaram a ser pobres. Durante o período de investimentos, as pessoas que saíram da pobreza acessaram algum tipo e nível de formação, principalmente por meio dos programas dos governos do PT, que deveriam se tornar políticas de Estado, e não apenas de governo.

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Passados mais de 500 anos, as decisões nos espaços políticos continuam sendo tomadas pelas elites local e federal. Nunca com a efetiva ação popular. A única participação nacional é nas eleições e a Constituição Cidadã poderia se chamar Onírica. A restrição à ascensão da maior representatividade popular a esses espaços é uma deliberada política mantida na base do tacão, do poder financeiro e por meio de códigos inacessíveis à maior parte da população, por uma elite brejeira e covarde. A Casa Grande pira quando a Senzala aprende a ler e passa a ocupar espaços políticos.

A participação política é vital para uma sociedade minimamente justa e plural. E ela vai muito além do imprescindível voto popular. Participar das eleições é importante, tanto quanto é participar das reuniões de condomínio, das assembleias dos sindicatos e da atividade dos partidos políticos. A política é um espaço que não conhece vácuo. Ela sempre será ocupada por algum segmento social. Ela é dominada por quem se envolve com ela e faz prevalecer sua narrativa.

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O momento é agora, a formação de comitês locais, chamados por Zé Dirceu, é fundamental. São várias as trincheiras, desde o criminoso uso de recursos jurídicos para perseguir Lula e o PT; à retirada de direitos conquistados com o suor e o sangue dos brasileiros; ao desmonte do Brasil em favor de uma entidade chamada mercado. Aos comitês cabem organizar filiados, simpatizantes e comunidade geral, para estabelecer estratégias de instalação de uma inarredável desobediência civil, com ações públicas de conscientização popular sobre o golpe que a nação está sofrendo. Avante.

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