Organização que substituir a OEA só deve ter países latino-americanos e caribenhos

O golpe contra Evo Morales foi a gota que faltava para desatar definitivamente um movimento para criar uma outra organização

Luis Almagro, da OEA
Luis Almagro, da OEA (Foto: Juan Manuel Herrera/OAS)


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Emir Sader

Quem caminha pela esplanada dos ministérios, em Washington, de repente se depara com um prédio da OEA, como se fosse apenas um ministério a mais do governo dos Estados Unidos. Fidel já havia chamado a OEA de Ministério das Colônias.

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Depois de tantos danos causados ao nosso continente, o último deles foi a participação da OEA no golpe contra o governo de Evo Morales. Foi a gota que faltava para desatar definitivamente um movimento para criar uma outra organização, que substitua a OEA.

A participação dos Estados Unidos e do Canadá deformou sempre o caráter da organização, que não representava o continente, mas tinha a hegemonia norte-americana. Foi ela que descaracterizou completamente a OEA, passando a representar as políticas norte-americanas sobre o continente.

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O Presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, lançou a convocação para a construção dessa organização, que substitua e supere a OEA. A referência é a da União Europeia. Mas podemos encontrar nosso próprio caminho. 

A UE criou uma moeda própria. A proposta do Lula para a criação do SUR, uma moeda própria do nosso continente, é um passo concreto nessa direção.

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Mas a UE, embora não inclua os Estados Unidos, nunca conseguiu se afirmar como uma força política própria. A presença da OTAN, sempre dirigida por um comandante norte-americano, representa essa subordinação aos Estados Unidos, de que a guerra da Ucrânia é a confirmação. Ao invés de intermediar a paz, a UE se subordina aos Estados Unidos através da OTAN, saindo como a maior derrotada da guerra.

Na América Latina e no Caribe precisamos de uma nova organização que, como a Celac, não inclua os Estados Unidos e o Canadá, mas apenas os países da América Latina e do Caribe. A presença dos Estados Unidos deforma qualquer tipo de relação de integração democrática de todo o continente. Uma vez constituída essa nova organização, o continente poderá estabelecer suas relações com os Estados Unidos e o Canadá, a partir da unidade, sem nenhum tipo de exclusão, de todos os países da América Latina e do Caribe.

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A convocação da reunião da Cúpula da Américas pelos Estados Unidos, excluindo Cuba, Venezuela e Nicarágua, revela o tipo de ideia de associação que esse país tem da sua relação com o continente. A nova organização não deve excluir a nenhum país, para o que é necessário que seja uma organização nossa, latino-americana e caribenha.

Além de que essa nova organização tem que definir estratégias econômicas de superação das políticas neoliberais, que definem os interesses dos nossos países, ao contrário das posições dos EUA. Temos também que buscar outras instâncias de integração – política, social, cultural, de meios de comunicação e outras.

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Uma organização que integre a todos os países do continente é um objetivo urgente. Que, à diferença da Celac, tem que ter uma sede – em algum país latino-americano -, um mandato e um rodízio para o país que a dirija, uma estrutura que permita um trabalho consistente de organização de comissões por tema. Em suma, uma organização que efetivamente integra a toda a América Latina e o Caribe e que representa toda a região no mundo. 

 

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