Oposição mantém governo, PT e Lula na defensiva

Em novo artigo, o colunista Emir Sader aponta que, desde a vitória nas eleições presidenciais de 2014, o bloco vitorioso ainda não conseguiu sair das cordas; "A oposição detém completamente a iniciativa política no Brasil, desde o fim das eleições presidenciais. E concentra sua ação no pessimismo econômico e no denuncismo político, ocupando com isso praticamente toda a agenda nacional, valendo-se do monopólio privado dos meios de comunicação e da falta de discurso alternativo", diz ele; Sader faz ainda um alerta; "sem capacidade de iniciativa, não se faz política, não se sai da crise, não se disputa influência com a oposição, não se governa"

Em novo artigo, o colunista Emir Sader aponta que, desde a vitória nas eleições presidenciais de 2014, o bloco vitorioso ainda não conseguiu sair das cordas; "A oposição detém completamente a iniciativa política no Brasil, desde o fim das eleições presidenciais. E concentra sua ação no pessimismo econômico e no denuncismo político, ocupando com isso praticamente toda a agenda nacional, valendo-se do monopólio privado dos meios de comunicação e da falta de discurso alternativo", diz ele; Sader faz ainda um alerta; "sem capacidade de iniciativa, não se faz política, não se sai da crise, não se disputa influência com a oposição, não se governa"
Em novo artigo, o colunista Emir Sader aponta que, desde a vitória nas eleições presidenciais de 2014, o bloco vitorioso ainda não conseguiu sair das cordas; "A oposição detém completamente a iniciativa política no Brasil, desde o fim das eleições presidenciais. E concentra sua ação no pessimismo econômico e no denuncismo político, ocupando com isso praticamente toda a agenda nacional, valendo-se do monopólio privado dos meios de comunicação e da falta de discurso alternativo", diz ele; Sader faz ainda um alerta; "sem capacidade de iniciativa, não se faz política, não se sai da crise, não se disputa influência com a oposição, não se governa" (Foto: Emir Sader)


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A capacidade de iniciativa é fundamental na luta política. Quem a detém define a agenda política, coloca os temas que lhe interessam, nos termos que lhe interessa.

A oposição detém completamente a iniciativa política no Brasil, desde o fim das eleições presidenciais. E concentra sua ação no pessimismo econômico e no denuncismo político, ocupando com isso praticamente toda a agenda nacional, valendo-se do monopólio privado dos meios de comunicação e da falta de discurso alternativo.

As denúncias obrigam ao governo, ao PT e ao ex-presidente Lula a tomar um tempo enorme respondendo sua falta de fundamento, mas com isso reiteram a centralidade dos temas. Do que se trata, para a oposição, é de manter a centralidade do tema, aprofundando na opinião pública os vínculos do governo e do PT com a corrupção e levantando tal quantidade de suspeitas – mesmo se nenhuma comprovada – contra o ex-presidente Lula, que gerem rejeição em torno do nome dele.

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Não há discurso alternativo, que não seja o de divulgar os casos de corrução que envolvem a oposição e, com razão, embora sem efetividade, reclamar da falta de apuração desses casos. Ressaltar os casos que vinculam a oposição é como que aceitar os casos de corrupção denunciados sobre o PT, mas consolar-se em denunciar que casos semelhantes ocorrem com a oposição e têm tratamento diferente.

No caso do denuncismo econômico acontece algo similar. A partir do momento em que o governo aceitou que a via para sair da crise seria cortar os gastos do Estado, aceitou o discurso opositor e fortaleceu ainda mais essa visão da oposição. Como o ajuste não leva à recuperação econômica, mas a mais recessão, tampouco neste campo o governo tem como disputar a agenda com a oposição.

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E como não há propostas próprias de saída da crise politica e econômica, que não sejam a defensiva de preservação da legalidade democrática e medi, mas as econômicas de mais cortes ainda, a iniciativa permanece plenamente nas mãos da oposição, que orienta o debate politico nacional. Não surpreende assim que, com esse quadro e o monopólio privado dos meios de comunicação – e de pesquisas da opinião publica também – se considere que a corrupção é o problema mais importante do Brasil e que o pais está sendo conduzido numa direção equivocada.

Esses resultados são consequência da situação de isolamento do governo e o reiteram, como bumerangue, diante da falta de capacidade de iniciativa do governo. Mesmo ao Conselho Econômico e Social, que precisa ainda ganhar legitimidade, o governo não vai com propostas claras de reviravolta na situação politica e econômica. Pode perder essa oportunidade também.

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Enquanto isso, embora enfraquecido o impeachment, temos uma presidenta que está sob essa acusação, não se sabe até quando. E as previsões econômicas ja projetam consensualmente um segundo ano seguido de recessão, ja com projeções negativas também para 2017, o penúltimo ano deste mandato.

Sem capacidade de iniciativa, não se faz política, não se sai da crise, não se disputa influência com a oposição, não se governa, na realidade, senão como reações a iniciativas da oposição. Retomar iniciativa é apresentar uma proposta politica e econômica de superação da crise pela retomada do desenvolvimento com distribuição de renda, recolocar o debate nos verdadeiros termos com que se enfrenta o pais. Anuncia-se que o governo apresentaria ao Congresso uma proposta de um pacto pelo desenvolvimento. Seria um caminho para a retomada da iniciativa e a disputa da agenda política nacional, mas que supõe que o governo fale muito, argumente, mobilize a opinião publica, se sintonize com os movimentos que o defendem contra o golpismo, gerando uma modificação radical na opinião publica, hoje adversa ao governo.

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