Operações russas foram defensivas contra avanço imperialista na Ucrânia
No Brasil, o enfraquecimento do imperialismo internacional significa que a situação está favorável à luta contra a rapina promovida a partir do golpe de 2016
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Por Juca Simonard
Ao contrário do que apresenta a imprensa capitalista ligada ao imperialismo, as operações militares russas na Ucrânia, iniciadas nesta quinta-feira, 24, não iniciaram uma nova guerra. Na busca de demonizar o governo de Vladimir Putin, deturpa-se os fatos e omite-se o verdadeiro significado das medidas da Rússia.
As ações tomadas por Putin são defensivas e, ao contrário de começar uma guerra, derrotam o processo iniciado com o golpe imperialista na Ucrânia em 2014, liderado por Joe Biden, então vice-presidente do governo Obama. O golpe derrubou um governo democraticamente eleito e aliado da Rússia, colocou a Ucrânia na miséria e transformou o país num regime tutelado pelos norte-americanos.
Os EUA promoveram grupos neonazistas que passaram a perseguir a esquerda, os setores favoráveis a uma aliança com a Rússia e a população de etnia russa na nação. A língua russa foi proibida e pessoas foram linchadas e incendiadas nas ruas. Em maio, um grupo fascista queimou a Casa dos Sindicatos de Odessa com gente dentro, no acontecimento que ficou conhecido como Massacre de Odessa.
Todo esse terror foi promovido pelos EUA contra a Rússia. Em reação, no leste do país, surgiram as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, no Donbass, com maioria étnica russa. Kiev iniciou uma guerra contra os separatistas e, apesar do Acordo de Minsk de 2015, no qual o governo Putin tentou assegurar os direitos da população, o governo títere dos norte-americanos continuou promovendo ações militares na região.
A operação militar russa desta quinta se deu em meio a uma escalada do conflito iniciado pelos EUA em 2014. O presidente norte-americano Biden nos últimos meses fez uma série de provocações, ameaçando a segurança da Rússia. Buscou incluir a Ucrânia na Otan, o que significaria aumentar os efetivos militares imperialistas no país, e enviou milhares de armas e soldados para os países vizinhos.
Mantendo a mesma política de 2015, Putin buscou a diplomacia, fez exigências pela desmilitarização das regiões vizinhas e pelo fim do expansionismo da Otan, que se aproxima da Rússia. No entanto, na última semana, de forma provocativa, o governo de Kiev fortaleceu a ofensiva militar no Donbass, com bombardeios e conflitos armados cada vez mais próximos da fronteira russa. Foram estas provocações que desencadearam os bombardeios russos na Ucrânia.
Uma operação precisa
Na madrugada desta quinta, no horário de Brasília, atendendo ao apelo das repúblicas do Donbass, às quais Putin reconheceu a independência, o governo russo iniciou uma operação militar para evitar o aprofundamento da guerra no leste da Ucrânia, que colocava a Rússia em perigo.
Por isso, estão corretas as afirmações do governo russo sobre o assunto. “O que está acontecendo é uma medida forçada. Não nos deixaram chances para agir de outra forma. Criaram tais riscos na esfera de segurança que não era possível reagir com outros meios”, disse Putin. “Em dezembro, tentamos um acordo com os EUA, mas eles não mudam”, destacou.
Vale destacar de qual forma a Rússia agiu. Ao contrário dos norte-americanos, que em suas guerras bombardeiam um país e destroem toda sua infraestrutura e massacram sua população durante anos, como fizeram no Iraque, no Afeganistão, entre outros países, os russo usaram armas de alta precisão e atingiram apenas instalações militares ucranianas, sem destruir as cidades e massacrar o povo. Foi uma operação precisa, apenas para impedir o desencadeamento de uma guerra.
O resultado: os avanços das tropas ucranianas no leste foram bloqueados e o governo de extrema-direita de Volodomyr Zelensky, marionete de Biden, deve cair. O bloco imperialista foi parcialmente derrotado, tendo como forma de reação apenas as diversas sanções econômicas que foram anunciadas, demonstrando uma imensa fragilidade do imperialismo, particularmente, do imperialismo norte-americano. Putin ganhou mais uma, da mesma forma que ganhou quando conseguiu impedir, em questão de dias, o golpe no Cazaquistão iniciado este ano pelos EUA.
Derrocada do imperialismo
Os desdobramentos da política internacional revelam uma extrema fragilidade do regime imperialista, que vem afundando há anos. O marco definitivo da atual crise imperialista foi a derrota dos EUA no Afeganistão após 20 anos de guerra no país. O poderoso exército da Otan foi derrotado por uma união tribal e nacionalista em torno do Talibã, abrindo um flanco importante dos norte-americanos.
A popularidade de Biden, desde então, só vem caindo, à medida em que ele também não consegue resolver os graves problemas econômicos e sociais dos EUA. No centro do imperialismo internacional, a inflação atinge níveis recordes, o desemprego aumenta e a confiança da população no sistema político diminui.
O fracasso em relação à Ucrânia nesta semana deve, então, acelerar a degradação política do bloco imperialista liderado por Biden. A extrema direita norte-americana, diante da crise do governo, se reorganiza em torno de Donald Trump, que defende uma política protecionista, contra a globalização e contra as guerras intermináveis dos Estados Unidos.
Na França e na Alemanha, o neoliberal Emmanuel Macron e o “social-democrata” Olaf Scholz também estão ameaçados, enquanto a extrema direita europeia se reorganiza contra a União Europeia e a Otan, entidades profundamente desmoralizadas. No caso alemão, a política de seguir cegamente as provocações norte-americanas contra a Rússia vai custar caro. O país é dependente do gás natural russo e enfrenta uma situação de crise energética em pleno inverno — situação que derruba qualquer governo.
Caminho aberto na luta contra o imperialismo
Para todas as nações oprimidas pelo imperialismo no mundo, a vitória do Talibã e, em seguida, a vitória de Putin abrem uma situação de boas oportunidades. A crise do imperialismo se escancara enquanto se fortalece o bloco liderado por China e Rússia, que já contam com parceiros como Nicarágua, Cuba, Irã, Síria, Vietnã, entre outros países.
A fragilidade da política imperialista, como demonstra a História, permite um amplo movimento de libertação nacional. Organizações e países africanos, asiáticos e latino-americanos têm a grande oportunidade de levantar suas reivindicações para derrotar a opressão imperialista.
As sucessivas derrotas do imperialismo enfraquecem o programa golpista dos últimos anos, que atingiu Honduras, Equador, Brasil, Egito, Síria, Líbia, Iêmen, Ucrânia, etc. No Brasil de 2022, isso significa que a situação está favorável à luta contra a rapina promovida a partir do golpe de 2016, isto é, ao movimento de luta contra o golpe que tem no ex-presidente Lula (PT) seu principal candidato.
O momento é de mobilizar e reorganizar um amplo movimento da esquerda por “Lula Presidente” e pelos interesses nacionais, com a revogação das reformas do golpe, a estatização completa da Petrobras (motor econômico do Brasil) e a reversão de todas as privatizações. Vamos à luta!
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