Onde o voto vale menos que R$ 50,00

Já estão acontecendo por todo o Brasil as convenções partidárias que estão definindo os candidatos a prefeitos, vice-prefeitos e vereadores nas próximas eleições municipais



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Já estão acontecendo por todo o Brasil as convenções partidárias que estão definindo os candidatos a prefeitos, vice-prefeitos e vereadores nas próximas eleições municipais. E como já sabemos, muitos dos eleitos atualmente devem retornar aos seus cargos. Muito embora, os eleitores em sua maioria esmagadora passaram os últimos três anos e oito meses, e vão até o dia da eleição, escrachando os políticos. 

É um fenômeno interessante este. Com as redes sociais, muitos dos políticos profissionais, aqueles que sabem que basta quinze dias antes das eleições para se manterem no poder, foram escrachados sem pena e sem dor, com palavras que até as putas do mais baixo cabaré, ou ouvir, se sentiriam envergonhadas com os termos. 

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Essa contradição é muito presente nos municípios brasileiros. E não é privilégio de um só estado ou região, ele acontece por todos os lados, de uma ponta a outra do Brasil. É assim que acontece. 

Para exemplificar o que ocorre em todos os cantos, eu me lembro da cidade de não “Me Coce”, nome fictício que é para não melindrar alguns dos seus moradores. Lá, uma parte da população tem um costume interessante. Na noite anterior à eleição, no sábado para o domingo, nos bairros periféricos tem o seu cenário alterado com a presença de pessoas nas portas das casas esperando os candidatos que passam e distribuem dinheiro. 

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A cena, que para quem não conhece, é difícil de acreditar, mas é a pura verdade. Famílias enroladas em lençóis. Algumas sentadas em cadeiras, tamboretes e outras entre a porta e a rua. Basta passar um carro que se houve os gritos, “é aqui”, “cadê o meu”, “eu vendo meu voto”, “quem pagar leva”. 

E é dessa forma que a noite transcorre, com carros circulando, parando e dinheiro sendo entregue. Dizem lá, que um candidato com muito dinheiro para distribuir, dificilmente perde a eleição. Afirmam, as notícias de boca em boca, que tem candidato devendo a agiotas até hoje. Eles tomaram empréstimos e estão devendo até o fundo das cuecas, mas estão eleitos e devem repetir a dose este ano novamente. 

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Outra cena interessante para se ver, e ser estudada por sociólogos, é que em plena luz do dia, candidatos podem ser vistos pertos de zonas eleitorais comprando votos aos domingos. Fila são formadas por quem deseja participar da lambança. Um candidato, que foi eleito no passado, ficava encostado em um poste, seu “cupincha” arregimentava gente até na porta do colégio, onde acontecia a votação, e os levava para fazer a negociação. “Quanto tu tá pagando? ”, perguntou um eleitor aperreado para resolver logo a negociação. “Tenho R$ 40,00 aqui. É o que tenho agora para oferecer”, disse o candidato a vereador. “Mas tem que ir lá, votar, fotografar o voto e trazer para eu ver. Aí eu pago”. 

O sujeito eleitor, olhou com cara de quem não tinha gostado, saiu buscando com os olhos, outro que lhe oferecesse mais, mas não conseguiu ver ninguém. Minutos depois retornou, entregou o celular ao candidato a vereador, viu um sorriso no rosto do homem e recebeu o seu pagamento pelo serviço prestado. Ele pegou o dinheiro, e nem bem colocou no bolso. Ali mesmo, pertinho tinha uma bodega com uma porta entre aberta e ele foi logo pedindo uma dose de casca de pau. Tomou a talagada, olhou para trás, levantou a mão e se despediu. O candidato nem viu que o homem o estava saudando. Ele já estava em outra negociação. 

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O cabra foi eleito. Procurado por alguns dos eleitores na Câmara de Vereadores para resolver algumas pendências pessoais, não contou conversa. “Eu não te devo nada. Comprei e paguei”. 

E o eleitor, que vendeu o seu voto na eleição passada, que lascou com a sua cidade, com a sua irresponsabilidade, passou os últimos anos reclamando dos políticos. Mas este ano ele já avisou, “Meu voto é caro, não vendo mais por qualquer besteira não”. 

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