Olho vivo: o perigo não passou
"O desgaste e o enfraquecimento de Jair Messias não bastam para eliminar os perigos implantados no país", escreve Eric Nepomuceno
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Por Eric Nepomuceno, para o 247
A exemplo de muita gente, confesso meu atordoamento diante do que aconteceu em Brasília no domingo.
E também a exemplo de muita gente quero declarar minha satisfação diante das medidas que estão sendo adotadas pelo governo, através do ministro Flávio Dino, e pela Justiça.
Acontece que prender terroristas e principalmente seus financiadores e organizadores não basta para afastar de vez os perigos que continuam rondando sobre os brasileiros.
Se o duplamente fujão Jair Messias padece uma forte e inegável corrosão, o bolsonarismo continua firme e forte.
Depois de ter fugido para a Flórida, ele anuncia que vai fugir de volta para cá, para escapar de uma possível extradição.
Como acontece cada vez que sente que está sendo fortemente pressionado, se internou num hospital para tratar de uma anunciada obstrução intestinal.
Deposito todos os meus votos em sua plena e total recuperação, para que de regresso ao Brasil seja tratada sua outra obstrução, a de responsabilidade, e ele enfrente a Justiça.
O desgaste e o enfraquecimento de Jair Messias, porém, não bastam para eliminar os perigos implantados no país.
Basta, por exemplo, ver o número imenso de militares da reserva, de políticos exercendo mandatos e funcionários públicos que estavam na invasão da Esplanada em Brasília.
Basta ver como as Forças Armadas se mantiveram inertes quando bolsonaristas plantavam acampamentos na frente de instalações militares.
Basta ver o comportamento da polícia em Brasília: muito mais gritante que permitir o deslocamento dos manifestantes foi ver como muitos policiais claramente aderiam ao ato.
E o tal almirante da ativa, comandante-geral da Marinha, que se negou a transmitir o cargo para seu sucessor nomeado por Lula?
E isso para não mencionar o mais que reacionário Hamilton Mourão, que agora é senador, criticando duramente a prisão dos terroristas em Brasília.
Está bem que ele é general empijamado. Mas quantos da ativa pensarão como ele?
Os que organizaram, convocaram e financiaram o terrorismo de domingo em Brasília podem até ser presos. Porém quantos mais como eles vivem espalhados país afora?
Jair Messias revelou e trouxe para a superfície o que há de pior no país. Mas suponho que nem os extremistas de direita sabiam que eram tantos.
Perdoem que eu me mencione. Recordo, em todo caso, que vivi dois golpes de Estado e dois exílios.
Não tenho alma nem fôlego para mais um. Daí minha tensa preocupação, meu espanto e meu assombro com o que vi, minha dolorosa esperança de que possamos superar o que virá.
Porque sinto que o perigo continua pairando no ar.
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