Odioso pragmatismo
A vitória de Rodrigo Maia, com o equivocado e constrangedor apoio dos partidos de esquerda no segundo turno, além de não representar uma mudança alguma na conjuntura política da Câmara trouxe de volta à presidência da Câmara dos Depurados representante do que há de mais atrasado na política Brasileira e mundial
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Vivemos um momento de crise internacional do sistema econômico hegemônico, essa crise reflete na economia e na política de vários países, inclusive no Brasil.
A crise internacional, instrumentalizada pela elite, levou ao golpe e passa a atingir os direitos e as aspirações fundamentais do povo brasileiro. O emprego, o bem-estar social, as liberdades democráticas, a soberania nacional, a integração com os países vizinhos estão sob risco, tudo em nome da sustentabilidade da divida pública e do pagamento de juros.
Bem, a defesa desses direitos e aspirações sob risco é a defesa da democracia.
E na defesa das transformações profundas em nosso país, milhares de brasileiras e de brasileiros de todas as regiões, cidadãos e cidadãs, artistas, intelectuais, religiosos, parlamentares e governantes, assim como integrantes e representantes de movimentos populares, sindicais, partidos políticos e pastorais, indígenas e quilombolas, negros e negras, LGBT, mulheres e juventude, criaram a Frente Brasil Popular - FBP.
A Frente Brasil Popular – FBP é talvez o único espaço de lucidez na política hoje no país, por isso nossos representantes deveriam orientar-se pelos seus objetivos e pautar a ação com unidade.
Os objetivos da FBP são:
(a) defender os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras;
(b) ampliar a democracia e a participação popular nas decisões sobre o presente e o futuro de nosso país;
(c) promover reformas estruturais, para construir um projeto nacional de desenvolvimento democrático e popular, e
(d) defender a soberania nacional.
Mas os deputados progressistas (?) ignoraram a Frente Brasil Popular e, seguindo interesses mesquinhos, medíocres e um odioso pragmatismo, ajudaram a eleger Rodrigo Maia do DEM.
A vitória de Rodrigo Maia, com o equivocado e constrangedor apoio dos partidos de esquerda no segundo turno, além de não representar uma mudança alguma na conjuntura política da Câmara trouxe de volta à presidência da Câmara dos Depurados representante do que há de mais atrasado na política Brasileira e mundial.
O DEMOCRATAS, nova denominação do velho PFL, dissidência do PDS (nome que a odiosa ARENA adotou ao final do período do bipartidarismo), é herdeiro da velha UDN de Carlos Lacerda e outros golpistas inomináveis; é um partido de centro-direita, alinhado ao liberalismo econômico, ao conservadorismo liberal e filiado à Centrist Democrat International.
Bem, Rodrigo Maia contou inicialmente com o apoio de bancadas do PSDB, PSB e PPS, além do próprio DEM, para no 2º Turno contar com apoio de bancadas da esquerda (PT, PCdoB e PDT).
É verdade que a derrota de Rogério Rosso, apoiado por Eduardo Cunha, é também a derrota do chamado "Centrão" e pode de fato significar uma fissura na base golpista.
Não há sentido ou lógica em apoiar um deputado que protagonizou a articulação do golpe contra a democracia e que antes mesmo de iniciar seu primeiro discurso como presidente Rodrigo Maia fez questão de agradecer ao líder do PT, Afonso Florence, também fez questão de citar nominalmente o ex-ministro Aldo Rebelo (PCdoB) e o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), nossos representantes “no mesmo saco” que os golpistas que apoiaram o golpe.
Que me desculpem Lula e Renato Rabelo, mas pragmatismo tem limites, aliás, tudo tem limites.
Breno Altman está certíssimo quando afirma que “Do sectarismo eleitoreiro do PSOL ao cretinismo parlamentar que contamina PT e PCdoB, o que assistimos ontem na Câmara dos Deputados foi a liquefação do campo antigolpista, abrindo caminho para a substituição do centro fisiológico pela direita orgânica no comando do parlamento”, gostaria de ter sido eu a qualificá-los de sectários e cretinos, são adjetivos precisos a definir a decisão de apoiar a herdeiro da UDN.
Fato é que, considerando as prioridades elencadas por Rodrigo Maia, os conservadores e entreguistas não precisam se preocupar, a reforma da Previdência e a entrega do Pré-sal ocorreram.
E não é só. Penso que Eduardo Cunha também poderá dormir tranqüilo, afinal uma das primeiras coisas que o candidato do PT, do PDT e do PCdoB disse foi: “Ajudei a eleger o Eduardo Cunha”, a quem ele considera um dos melhores presidentes da história da Câmara, ou seja, foi logo avisando a que veio.
É por essas e outras que essa prática não me serve.
Pedro Benedito Maciel Neto, 52, advogado, sócio da MACIEL NETO ADVOCACIA, autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”, Ed. Komedi, 2007
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