Ódio, cinismo e desconfiança

 ódio, o cinismo e a desconfiança se tornaram a principal marca do novo tempo em que estamos vivendo.

 ódio, o cinismo e a desconfiança se tornaram a principal marca do novo tempo em que estamos vivendo.
 ódio, o cinismo e a desconfiança se tornaram a principal marca do novo tempo em que estamos vivendo. (Foto: Ribamar Fonseca)


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A máscara de ódio afivelada na cara de um manifestante do MBL, cuja foto foi publicada pelo Brasil 247, é o retrato sem retoques do Brasil de hoje. A expressão raivosa do sujeito, o mesmo que xingou uma mulher participante da marcha da Consciência Negra em São Paulo, reflete o sentimento de ódio de uma parcela da população que festeja, com foguetes e distribuição de fatias de bolo, a prisão de acusados de corrupção e a violência praticada contra eles. Aparentemente estamos retrocedendo ao tempo dos circos romanos, quando o público delirava com a morte de cristãos, o que evidencía mais um grave retrocesso num país até pouco tempo humano e fraterno, onde a alegria e o carinho do seu povo era destacado pelos turistas como a característica dos brasileiros. Percebe-se, sem muita dificuldade, que o Brasil está se transformando num país odiento, triste e decepcionado com os homens públicos, particularmente com a política e a Justiça e, também, com a imprensa. Talvez isso explique em parte, mas não justifique, a invasão da Câmara dos Deputados por um grupo de imbecis pedindo uma intervenção militar. O ódio, o cinismo e a desconfiança se tornaram a principal marca do novo tempo em que estamos vivendo.

Os conspiradores do golpe que derrubou a presidenta Dilma Roussef, movidos apenas pela ambição do poder, não se prepararam para assumir as rédeas do país e, como consequência, estão destruindo a Nação, promovendo a maior recessão de nossa história, com o maior índice de desemprego já registrado, além do desmonte de programas sociais duramente implantados e a entrega de nossas riquezas naturais para o capital estrangeiro. Com um Congresso e um Executivo recheados de acusados de corrupção e uma mídia partidária, que perdeu o pudor na manipulação das informações, o Judiciário se autonomeou xerife. E passou a investigar e prender quase todo mundo, menos os tucanos que, embora acusados dos mesmos crimes que pesam sobre os outros, nunca foram incomodados sequer com um convite para depor. Por conta dessa blindagem os crimes estão prescrevendo, inclusive no Supremo Tribunal Federal, onde o único ministro nomeado pelo governo tucano de Fernando Henrique, Gilmar Mendes, parece ter muito mais poder do que os cinco ministros nomeados por Lula.

Está com Gilmar, aliás, certamente por pura coincidência, uma ação disciplinar contra o Procurador Rodrigo De Grandis, de São Paulo, acusado de engavetar, desde 2008, o processo do cartel de trens, também conhecido como Trensalão, que envolve os governos tucanos de Geraldo Alckmin e José Serra. O esquema envolveu cerca de R$ 600 milhões de propina, mas até hoje a Procuradoria da República de São Paulo não ofereceu nenhuma denúncia. De Grandis, que também já teve questionada sua atuação na chamada Operação Satiahgraha, é alvo de uma reclamação disciplinar do corregedor nacional do Ministério Público, Alessandro Assad, mas a ação, depois de idas e vindas até pela Procuradoria Geral da República, foi parar nas mãos do ministro Gilmar Mendes. Sorte do disfarçado tucano De Grandis, até porque os crimes que deveriam ser denunciados, segundo reportagem do "Estadão", já prescreveram. Os tucanos Geraldo Alckmin e José Serra, portanto, podem respirar aliviados e continuar tranquilos, como Aécio Neves, pelo menos enquanto houver vários "De Grandis" participando de investigações contra eles, mesmo que chovam delações.

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Mas o que mais preocupa agora, já que o povo passou a encarar como "normal" a incompetência do governo Temer e os frequentes escândalos no seu ministério, é o clima de ódio que ampliou a violência e ameaça lançar o país numa guerra civil. A coisa chegou a tal ponto que um pai matou o filho a tiros por discordar da sua participação no movimento estudantil de ocupação de escolas. Se o ódio chega a enlouquecer um pai contra o próprio filho o que se pode esperar de outras pessoas enceguecidas, como o sujeito do MBL mostrado na foto? Se as divergências de opinião forem resolvidas a bala o que sobrará da democracia? Na verdade, estamos vivendo uma democracia de fachada, em que escolas são invadidas por policiais e manifestações estudantis são reprimidas com violência autorizada pela Justiça, onde não faltam gás e balas de borracha.

Agora mesmo o juiz Itagiba Catta-Preta mandou a Policia Federal desocupar a Universidade de Brasilia, tomada por estudantes em protesto contra ações do governo. O magistrado justificou a decisão dizendo que "é público e notório que o objetivo do movimento é político". É claro que é político, como todas as manifestações, assim como a que ele participou - e postou fotos nas redes sociais – contra o governo de Dilma. Afinal, estamos ou não numa democracia?

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