O xadrez de Dante da República brasileira, às avessas
Surge, sem querer, uma luz no fim do túnel. Se o nosso estimado senador Jorge Viana for o homem digno e íntegro que imaginamos ser... e se ele, agora como presidente do Senado Federal "atrapalhar" o quanto possível a votação da malfadada PEC 55 (a 241 também), teremos duas certezas bem ralas
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Jamais poderia dizer que eu não gostei do Renan Calheiros cair da Presidência do Senado. Ele merece isso há pelo menos umas três gerações.
MAS...
Esse País cada dia se mostra mais complexo em sua hipocrisia sistêmica, torna-se dia após dia a "Republicazinha das Conveniências". Durante anos Renan cometeu atrocidades ao povo brasileiro. Sua sede pelo poder é tal que jamais disfarçou em destruir seus adversários e mudar de lado a cada epopeia partidária. É mestre em forjar processos legislativos em cujos interesses lhes determinem mais e mais poder. Entretanto, quando, aparentemente fez este senhor a coisa certa – que foi combater alguns dos privilégios do Poder Judiciário – aí a Suprema Corte Brasileira resolve rapidamente "derrubar" o camarada. Como assim, cara pálida?! Por que não fizeram isso em tantos anos de desmandos do Renan?
É fato que os três poderes são fundamentais. Sou um rígido defensor do Estado Democrático de Direito. Portanto, o Legislativo é essencial, tanto quanto o Judiciário. Todavia, também é fato que há uma enormidade de JUÍZES e PROMOTORES que ganham super-salários (acima do Teto; um burlo à regra). Além do imoral, o ilegal. É que alguns destes venderam sentenças judiciais (corrupção), cometeram diversos outros crimes, e ao invés de serem presos, ganharam do "povo brasileiro" as suas aposentadorias com salário integral. Esse tipo de magistrado (ou promotor) precisa pagar por seus crimes. Por hora, o que vemos é mera briga de egos de canalhas de ambos os lados da República: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Por outro lado, surge, sem querer, uma luz no fim do túnel. Se o nosso estimado Senador Jorge Viana for o homem digno e íntegro que imaginamos ser... e se ele, agora como Presidente do Senado Federal "atrapalhar" o quanto possível a votação da malfadada PEC 55 (a 241 também), teremos duas certezas bem ralas:
1) Os manifestantes "ingênuos", usados pelo PSDB (MBL) e DEM (Vem Pra Rua) e esses pseudos movimentos de massa no último domingo [4], sem saber, nos fizeram um grande favor; foram apoiar os juízes e promotores em suas regalias e tiraram o Renan do caminho da aprovação imediata da PEC que acaba de vez com investimentos em saúde e educação; e
2) O Ministro Marco Aurélio (STF) é genial, talvez. Porque, aproveitando-se do "clima das ruas" agrada a gregos, troianos e goianos, e derrubando o Renan, abre espaço para alguma maturidade no Senado quanto ao efetivo diálogo da perda dos direitos sociais em disputa covarde. Direitos que sagradamente a Constituição de 1988 deu ao povo brasileiro.
Bom, se Renan, ao cair, já era bom por si só, nesse caso pode estar se avizinhando um novo jogo de xadrez (chamá-lo-emos de o "Xadrez de Dante", numa referência às perturbações do autor de Florença, numa sociedade de "fraudes" e "conflitos"; num jogo rígido de interesses) dos mais inteligentes e sofisticados que já tenhamos assistido nessa vida. Mas por hora, é tudo mera especulação.
É certo que tem um "mais esperto" enganado o próximo espertalhão da República. Quem é quem? Quem vai lançar a próxima jogada do mal? Quem é o próximo a nos enganar que estão fazendo algo bom para o povo brasileiro?
A verdade é que essa República está uma loucura. Se não a divertida e complexa partida deste xadrez inusitado no "Inferno de Dante" [Alighieri]; mais parecerá a nossos olhos simples, uma temerosa falta de graça de uma novela mexicana adaptada a nosso enredo. De todos os lados, é tristeza crônica! E lamento não saber jogar; e lamento não entender a singeleza do engano dentro do engano que torna essa novela a repetição patética um vício desesperador por conhecer a desgraça final do vilão [ou a nossa!]. Quem é o vilão? Renan? Temer? Rosso? PSDB? PT? STF? Congresso? Sérgio Moro? Quem?
A verdade é que estou angustiado – como boa parte das pessoas não-jogadoras deste País. "Leitor, um jogo ora ouvirás diverso:" (Canto XXII, da obra de Dante). "Pensa, leitor, no meu desanimar" (Canto VIII, do mesmo autor).
Vamos aguardar as próximas cenas capitulares, se ainda sobrar algum cenário de pé! Por hora nos resta a esperança nesse novo ator (bispo ou peão?) em cena: o Senador Jorge Viana e sua coragem de enfrentar a PEC 55...
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