O voto útil dos cirandeiros cariocas tirou Benedita da Silva do segundo turno
A indicação de voto útil na candidata Martha Rocha do PDT, sugerido por um segmento da esquerda, determinou a derrota da própria esquerda no primeiro turno da eleição carioca
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O segundo turno das eleições no município do Rio de Janeiro será disputado entre Eduardo Paes e Marcelo Crivella. Parafraseando o compositor Criolo, eu diria que não existe amor “em RJ”. Não mesmo! A indicação de voto útil na candidata Martha Rocha do PDT, sugerido por um segmento da esquerda, determinou a derrota da própria esquerda no primeiro turno da eleição carioca.
Primero, porque Martha nunca foi de esquerda. Segundo, porque ela nunca esteve empatada com Marcelo Crivella nas pesquisas. Benedita da Silva sempre foi a melhor opção contra o atual prefeito, mas não conseguiu seduzir aos cirandeiros da zona sul da cidade, porque é do PT e mulher preta da periferia. Porém, os “abolicionistas” da nobre província do estado da Guanabara, ainda não estão preparados para esse debate.
Ao contrário dos pobres de direita, a classe média esquerdista têm consciência de classe e entendem muito bem, ainda que não concordem com ela, como a racialização das ideias, na prática, pode dividir a opinião de pessoas que na teoria estejam no mesmo campo ideológico. Isto explica o fato de o mesmo balneário de nutella que garantiu à Marcelo Freixo 40 % dos votos em 2016, deixou Renata Souza, também preta da periferia e indicada por ele como candidata, morrer afogada na praia do Leblon, com apenas 4% dos votos válido.
Por qual motivo Renata Souza não conseguiu se consolidar como a substituta de Marcelo Freixo no pleito? Porque nem mesmo os psolistas se convenceram de que ela poderia exercer tamanha representatividade. A sua votação deixa isso claro. Mas por que? Os porquês são muitos, mas para todos a resposta é a mesma. Classismo. Ricardo, você está insinuando que exista classismo na esquerda? Ora, meus carix! Tem preconceito entre pobres, racismo entre negros, machismo entre mulheres, homofobia entre gays, ódio entre cristãos, rivalidade entre torcedores do mesmo time, e não vai haver classismo entre segmentos de esquerda?
Ex positis, surgiram alguns "caciques" da classe artística e do reino dos influencers digitais, indicando voto útil na delegada Martha. Porque ao voto útil não basta ser útil, tem que parecer útil e convincente à turma do Jardim Botânico e adjacências. Resultado: Crivella no segundo turno. A sorte é que o voto é secreto, e Eduardo Paes, de alguma forma, pode ser útil à ciranda. A milícia agradece.
Evocando o grande Jorge Benjor e a sua espirituosa “Meu Guarda Chuva”, sucesso nas vozes de Dóris Monteiro e Paula Lima, Benedita e Renata podem dizer que quando começaram a gostar da brincadeira, os cirandeiros da zona sul carioca as abandonaram no meio da roda, em meio a um temporal. É que só eles têm um guarda-chuva e não costumam dividi-lo com os colonos de sua aldeia. Advinha quem vai se molhar?
Chora Rio de Janeiro!
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