O vice que não traiu

Jorge Viana (PT-AC) se comportou na crise gerada pela tresloucada liminar de Marco Aurélio Mello contra Renan como Temer deveria ter se comportado em relação aos ataques histéricos contra Dilma

(E/D) Senadores Jorge Viana (PT-AC), Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) durante discussão da proposta que estabelece o voto aberto em todas as decisões do Legislativo (PEC 43/13)
(E/D) Senadores Jorge Viana (PT-AC), Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) durante discussão da proposta que estabelece o voto aberto em todas as decisões do Legislativo (PEC 43/13) (Foto: Alex Solnik)


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Agora há pouco, do alto de sua mesa no plenário do Senado Federal, à qual foi restituído apesar de não ter saído, o presidente Renan Calheiros fez um elogio público ao seu vice, Jorge Viana.

E cutucou o PT:

“Jorge Viana é maior que o PT”.

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Ao agradecer, Viana deu uma estocada em Temer, dizendo que ele cumpriu tão somente o seu dever que é manter-se fiel ao presidente.

Ele se comportou na crise gerada pela tresloucada liminar de Marco Aurélio Mello contra Renan como Temer deveria ter se comportado em relação aos ataques histéricos contra Dilma.

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Não ouviu os cantos de várias sereias que vislumbraram, ali, uma oportunidade de virar o jogo, nem que a vitória fosse efêmera não só porque é “maior que o PT” ou petista moderado, e sim porque não é imbecil.

Tanto ele, que já foi governador, quanto Renan, ex-ministro da Justiça e cujo advogado é Aristides Junqueira, ex-procurador-geral da República, perceberam que a liminar de Marco Aurélio Mello tinha um vício de origem: baseava-se no resultado de um julgamento que não tinha terminado. Uma barbeiragem inaceitável num juiz com a tarimba de Mello, o mais esnobe dos ministros do STF, embora tenha a qualidade de ser bem-humorado e bastante irônico.

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Em nenhuma hipótese Mello poderia ter aceito a denúncia da Rede porque, apesar do resultado parcial ser amplo – seis a zero – o julgamento não foi concluído e, quando fosse, aqueles que votaram favoravelmente à questão proposta teriam direito de mudar o voto.

Somente o clima exacerbado que há dois anos tomou conta do país pode explicar essa tempestade num copo d’água. Bastaria Mello negar a liminar à Rede com esse argumento básico: vocês querem afastar Renan, mas o caso que pode levar a isso ainda não foi julgado, PT, saudações, depois do julgamento a gente se fala.

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No entanto, Mello ignorou o bê-a-bá do direito, qualquer direito e deferiu a liminar afastando Renan da presidência a nove dias do término do mandato e Temer e Meirelles aflitos para aprovar a PEC 55, o que provocou as seguintes reações: 1) seu velho desafeto Gilmar Mendes pediu seu impeachment; 2) Renan disse que “ a alma dele treme sempre que ouve falar em corte de supersalários”; 3) O MBL e congêneres cantaram vitória porque no domingo pediram “Fora Renan” e no dia seguinte foram obedecidos; 4) Temer ficou na moita, como sempre e na moita costurou, junto com Renan, um acordo com o STF que expôs, de uma só vez, os Três Poderes - Judiciário, Legislativo e Executivo – que foi o seguinte: Renan fica no Senado, mas sai da linha de sucessão de Temer e, de lambuja, retira da pauta a lei do abuso de autoridade; 5) os ministros do STF deram uma dura pública em Gilmar, sem, é claro, citar nominalmente Sua Excelência; 6) Janot deu uma aula de basbaquice ao perguntar, na sessão de ontem, “que exemplo vamos dar às crianças”? caso Renan não fosse afastado imediatamente, como se o caso fizesse parte dos assuntos em voga nos jardins de infância; 7) ao sair da sessão em que foi desagravado por ter sido criticado por um colega, o próprio Mello criticou os colegas dizendo que a solução que deram ao caso foi uma “meia sola”; 8) não faltou assunto aos jornais, que tiveram dois dias de manchetes incendiárias, ainda bem, não está fácil vender jornal atualmente.

O lado bom é que talvez tenha servido para mostrar a Temer que quando o vice não é golpista a crise não prospera.

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A recíproca é verdadeira.

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