O vento virou

Cenário de histeria que, pela sabotagem político-econômica e manipulação das informações, o bloco golpista conseguiu criar, e que culminou na cassação, ao arrepio da lei, da Presidenta Dilma, começa a se dissolver no ar, mostrando o que realmente é, uma cortina de fumaça para derrubar um governo legítimo e progressista

Michel Temer
Michel Temer (Foto: Décio Lima)


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As últimas semanas marcam a consolidação de uma nova conjuntura política no Brasil. O sucesso das manifestações da frente contra o Golpe e suas reformas, que no dia 15 de março mobilizou um milhão de trabalhadores em todo o País, e o fracasso dos atos convocados pela direita no dia 26 passado marcam, creio, o início de uma virada no quadro político brasileiro. Mais precisamente, parece-me que estamos diante, finalmente, do triunfo da verdade factual sobre as muitas narrativas em disputa no Brasil.O cenário de histeria que, pela sabotagem político-econômica e manipulação das informações, o bloco golpista conseguiu criar, e que culminou na cassação, ao arrepio da lei, da Presidenta Dilma, começa a se dissolver no ar, mostrando o que realmente é, uma cortina de fumaça para derrubar um governo legítimo e progressista e ocultar o maior saque aos direitos dos trabalhadores e as riquezas da nação praticado em toda a história do Brasil.

Poucos meses do governo ilegítimo de PMDB e PSDB foram o bastante para que as pessoas, praticamente todas, percebessem quem são e o que desejam os que tomaram o poder de assalto. Assolado pela corrupção, imobilizado pela incompetência e dedicado exclusivamente a vender o País e retirar os direitos obtidos pelos cidadãos no último século, o bloco golpista rapidamente caiu em desgraça com quase todos os setores da sociedade. Não fosse a, regiamente recompensada, fidelidade da grande imprensa, que insiste, inescrupulosamente, na defesa de uma falsa narrativa contra o real, a fortaleza já teria ruído e todos saberiam que só há ratos atrás dos muros. Os setores médios, base social fundamental para o golpe, se desiludiram rapidamente com o grupo que alçaram ao poder e se desmobilizam na proporção que percebem quem são os verdadeiros corruptos e passam a ver seus direitos ameaçados. Por outro lado os trabalhadores e seus sindicatos e centrais, diante da iminência do maior retrocesso da história dos direitos trabalhistas no Brasil, se incorporam, em número cada vez maior, a frente ampla que deseja resgatar a democracia. Um dos primeiros sinais de erosão da legitimidade do governo golpista do PMDB e PSDB foi o a votação da lei da terceirização. Embora uma tragédia para as relações de trabalho, e para a economia, o resultado mostrou que grande parte dos deputados da base governista começa a recuar diante da pressão popular e que não será fácil aprovar as reformas da Previdência e Trabalhista.

Apesar disso não nos enganemos, o governo golpista conta, ainda, com o apoio da grande mídia, de parte significativa do judiciário, do Congresso Nacional e do capital rentista internacional. Aposta em narrativas, repetidas incansavelmente pela imprensa e cada vez mais desligadas da realidade, que somadas com a desilusão política de alguns setores podem gerar um efeito de inércia na sociedade brasileira. O governo golpista não precisa de legitimidade para arruinar o Brasil, sua "legitimidade", lembremos, não vem da população, é antes resultado de um pacto nefasto entre parte da imprensa e judiciário, ele só precisa que a sociedade não se mobilize contra ele. Isso é o que não devemos permitir. Os ventos da conjuntura viraram, mas se não içarmos as velas não navegaremos de volta para a democracia. É preciso centrar esforços no fortalecimento da frente única e na agenda da resistência ao golpe. Isso implica, necessariamente, em ampliar o número de pessoas, grupos e entidades mobilizados pelo resgate da democracia e contra a retirada de direitos.

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O círculo de ferro da ideologia golpista ruiu e a verdade começa a ficar clara, finda assim, progressivamente, a impermeabilidade para com a razão, fenômeno que marcou muitos setores e pessoas no último período. É hora de conversarmos com tais pessoas e setores. Sem rancor, porque ódio pertence a direita, vai contra nosso radical compromisso com a humanidade e nada nos adiciona, é preciso, ao mesmo tempo, dialogar com os trabalhadores e suas entidades, que serão definitivos nos dias que virão, mas também com os setores que apoiaram o golpe e se frustraram com ele. Não devemos permitir que a desilusão, que floresce agora nos setores médios, degenere, como sempre é possível, em patologias políticas de natureza fascista. É hora da esquerda ocupar as ruas e disputar corações e mentes, não com rancor e sim com o que torna nossa causa justa: a verdade, o afeto e a razão.

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